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Meio Ambiente
Terça - 26 de Junho de 2007 às 09:26

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Os primos de primeiro grau da humanidade já foram pintados como macacos sem coração, incapazes de se preocupar com o próximo, mas uma nova e rigorosa pesquisa promete recuperar a imagem dos chimpanzés (Pan troglodytes). Um grupo de pesquisadores na Alemanha usou uma série de experimentos para demonstrar que esses primatas são capazes de ações custosas para ajudar desconhecidos humanos ou membros de sua espécie, agindo de forma espontânea e sem esperar recompensas.

Trocando em miúdos: os bichos parecem ser capazes de altruísmo, coisa que hoje é normalmente considerada uma exclusividade do comportamento humano. Para Felix Werneken e seus colegas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, os achados sugerem uma origem extremamente antiga para a generosidade desinteressada que vemos no homem moderno. E voltam a mostrar que a diferença entre humanos e animais - principalmente os grandes macacos - é muito mais uma questão de grau do que um abismo intransponível.

À primeira vista, o altruísmo parece uma aberração do mundo animal. Ajudar de graça um indivíduo que não tem parentesco com você seria, em tese, um gasto inútil de energia, já que a função primária dos seres vivos é se dedicar à própria sobrevivência e reprodução.

Por isso, os biólogos evolutivos costumam explicar ações altruístas como, na verdade, nepotistas - vale a pena ajudar os próprios parentes porque eles carregam os mesmos genes que você; na prática, parte de você se reproduz com eles -, ou como situações do tipo "uma mão lava a outra": praticar uma boa ação no presente se reflete em receber uma ação desse tipo no futuro, vinda do mesmo indivíduo que você ajudou. Em resumo: não existe esse negócio de almoço grátis.

Braço forte, mão amiga

Os experimentos arquitetados por Werneken e companhia conseguiram afastar, pelo menos em parte, ambas as possibilidades, já que os chimpanzés que eles estudaram deram uma mãozinha aparentemente desinteressada a humanos que eles nunca tinham visto e a companheiros de espécie que não eram seus parentes.

Num dos testes, a equipe simulava uma briga entre dois humanos, postados do lado de fora das jaulas dos macacos. Um dos humanos tirava um pauzinho das mãos do outro e o jogava dentro da jaula. A pessoa "atacada", então, estendia o braço, tentando em vão resgatar o artefato e, quando era necessário, tentando chamar a atenção do chimpanzé chamando-o. Em outro teste, os pesquisadores colocavam comida atrás de uma porta com grades. Um dos macacos estava do outro lado da porta e não conseguia alcançar a comida. No entanto, numa jaula adjacente, estava outro primata, o qual tinha acesso a um mecanismo que permitia abrir a porta e deixar seu colega passar e pegar o alimento.

Os resultados: na imensa maioria dos casos, os bichos responderam à necessidade de humanos ou colegas de espécie entregando o pauzinho ou puxando o mecanismo para a abrir a porta, mesmo sem receber nada em troca. O mais curioso é que os resultados foram praticamente idênticos aos obtidos com bebês de um ano e meio em condições parecidas, que também mostram altruísmo espontâneao - a única diferença é que os bebês demoravam menos tempo para entender o que a pessoa queria. Tantos macacos quanto crianças realizavam a boa ação mesmo quando eram obrigados a escalar uma corda ou atravessar um pequeno labirinto para cumpri-la.

Para o pesquisador holandês Frans de Waal, que trabalha na Universidade Emory (Atlanta, EUA) e é um dos maiores especialistas em grandes macacos do mundo, os resultados são convincentes, mas não são necessariamente prova de que não há relação entre o altruísmo de humanos e chimpanzés e o interesse em algum tipo de recompensa.

Para Waal, o único jeito de o altruísmo "uma mão lava a outra" funcionar é que os animais tenham um sistema emocional interno que o favoreça. Assim, eles agiriam instintivamente de forma generosa, sem pensar conscientemente no possível benefício que deveria advir quando o indivíduo ajudado pudesse retribuir o favor.





Fonte: G1

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