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Politica Brasil
Domingo - 24 de Junho de 2007 às 09:01
Por: FERNANDA KRAKOVICS

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Desde que foi atingido por denúncias de corrupção há cerca de um mês, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), dedica praticamente todo o seu tempo a estratégias de defesa, o que alterou o funcionamento da Casa.

A situação se agravou desde a semana passada, quando a autenticidade dos documentos apresentados por sua defesa ao Conselho de Ética do Senado foi questionada.

Principal articulador político para a votação de projetos considerados importantes, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), também foi tragado pela crise, que o absorve por completo. Jucá passa o dia em reuniões para tentar salvar o correligionário.

Em conversas com aliados, o presidente do Senado disse que seu maior erro foi entregar ao Conselho de Ética documentos para tentar provar que recebeu R$ 1,9 milhão, nos últimos quatro anos, provenientes de atividades agropecuárias. Sua avaliação é que forneceu munição contra si mesmo, e que o melhor teria sido insistir em que o ônus da prova é de quem acusa.

Renan é suspeito de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Sua linha de defesa afirma que tinha recursos suficientes para arcar com o pagamento de R$ 12 mil mensais de pensão alimentícia, apesar de seu salário líquido como senador ser de cerca de R$ 9.000.

Perícia da Polícia Federal, feita a pedido do conselho, apontou inconsistências nas notas fiscais, Guias de Trânsito Animal e cheques apresentados por Renan para tentar provar que teve rendimentos adicionais vendendo gado.

Diante da impossibilidade de acabar com as investigações conduzidas pelo Conselho de Ética, Renan tenta retomar as votações para desviar o foco da crise e dar uma aparência de normalidade à Casa. Assim ele também pretende frear a pressão generalizada para que deixe a presidência.

"Faremos um esforço especial, na próxima terça-feira, para votarmos as matérias que estão na ordem do dia, e para estabelecermos uma semana para votarmos o pacote da violência, as Zonas de Processamento de Exportação, e resolvermos as questões relativas à Sudam, à Sudene e à relação trabalhista das pessoas jurídicas [Emenda 3]", afirmou Renan.

Conselho

No último dia 13, quando o relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA) pediu o arquivamento do processo contra Renan no Conselho de Ética, o presidente do Senado cancelou a sessão do plenário destinada a votações. Era uma quarta-feira, dia de quórum alto na Casa.

O líder do governo disse que a medida foi tomada para que a TV Senado pudesse transmitir a reunião do conselho, dando assim transparência ao processo. Renan tem acompanhado as sessões do órgão pela televisão, de seu gabinete. E de lá telefona para Jucá, que tem sido seu porta-voz durante as sessões do órgão.

Naquela semana só houve deliberação no plenário na quinta-feira e foram votadas apenas indicações de autoridades para cargos públicos. Já nesta semana foram aprovadas duas medidas provisórias. A reunião de líderes partidários com o presidente do Senado, realizada tradicionalmente às terças-feiras, também não tem sido convocada.

Renan resiste em deixar o cargo e cita como exemplo o caso de Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou ao mandato de senador em 2001, acusado de desviar verbas do Banpará. Para Renan, Jader foi liquidado quando deixou o cargo de presidente do Senado.

Desde que estourou a crise Renan, passou a almoçar com mais freqüência em seu gabinete. Seu circuito tem se limitado à casa do advogado Eduardo Ferrão, ao Senado e à residência oficial, onde mora. Seus maiores conselheiros têm sido o senador José Sarney (PMDB-AP) e Jader.

Um dos termômetros da mudança de humor do presidente do Senado é seu relacionamento com a imprensa. Antes cordial, Renan passou a limitar o número de perguntas a serem feitas a ele. Em um segundo momento parou de dar entrevistas. Com o intuito de mostrar que não estaria acuado, ele voltou a falar nos últimos dias.





Fonte: Folha de S.Paulo

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