PF aponta contradição nos papéis de Renan Calheiros
Para evitar ser processado, Renan apresentou documentos com o objetivo de comprovar licitude e suficiência de rendimentos por meio dos quais pagou pensão alimentícia nos últimos anos para uma filha que teve fora de seu casamento.
Entre os papéis há notas fiscais e GTAs (Guias de Transporte de Animais), documentos usados por Renan para justificar, no Conselho de Ética, que a venda de gado de sua propriedade em Murici (AL) serviu como fonte de recursos legítimos para o pagamento da pensão.
Feita a análise pelos peritos do INC, que trabalharam em Maceió ao longo de todo o dia de ontem, a conclusão foi que a documentação apresentada por Renan é materialmente verdadeira, ou seja, seguiu os trâmites de emissão, tramitação e registro no âmbito das secretarias de Agricultura e de Fazenda do Estado de Alagoas.
Em Brasília, outro grupo de peritos do INC se debruçou sobre os extratos bancários apresentados por Renan. Surgiu daí a identificação de inconsistências entre as datas das transações com gado e o dinheiro que alimentou seu saldo bancário.
Renan afirma que tirou de sua própria conta o dinheiro da pensão alimentícia. As quantias seriam repassadas mensalmente ao lobista da Mendes Júnior Cláudio Gontijo, encarregado de fazer os pagamentos.
O laudo que a PF apresentará ao Conselho de Ética não é conclusivo. Deixará claro que, pelo tempo exíguo, não se fez uma análise fundamental: checar se as transações apontadas nas notas fiscais realmente ocorreram e de que forma estariam (ou não) registradas na contabilidade dos compradores que negociariam com Renan.
Ou seja: não fica descartada a hipótese de eventual falsidade ideológica encoberta pelos documentos materialmente verdadeiros. O trabalho dos peritos em Maceió foi acompanhado pelo diretor da Secretaria de Controle Interno do Senado, Shalom Einstoss Granado. A secretaria é um órgão auxiliar do TCU, responsável por auditar as contas do Congresso.
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