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Politica Brasil
Segunda - 18 de Junho de 2007 às 17:46

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O advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Filho, bateu boca com o advogado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Eduardo Ferrão, durante depoimento ao Conselho de Ética do Senado nesta segunda-feira (18).

Calmon acusou publicamente Ferrão de simular dois recibos de R$ 50 mil que Renan diz ter pago à Mônica, com quem tem uma filha de três anos, como fundo de educação.

Segundo Calmon, esses R$ 100 mil fazem parte de uma dívida da pensão de Renan. O advogado disse foi a defesa do senador que obrigou Mônica a assinar esses recibos como "fundo de educação". "Esses recibos foram simulados. Se minha cliente não o assinasse, não receberia o dinheiro", disse.

Provocado pelo senador Valter Pereira (PMDB-MS) sobre o fato de ter aceitado esses recibos, o advogado ficou nervoso e apontou para o advogado de Renan, que assistia ao depoimento dentro do conselho.

"Quem fez esses recibos está ali. É só procurar no computador dele", disse, apontando para Ferrão. Irritado, Ferrão reagiu e bateu na mesa em que sentava. "Quero dar resposta", disse. Os senadores prometeram dar a palavra a ele ainda nesta segunda.

Ameaça e versão

O advogado de Mônica confirmou que foi alvo de ameaça por telefone e ainda leu uma declaração de sua cliente confirmado que recebeu em dinheiro vivo por meio de um lobista o pagamento da pensão de Renan à sua filha.

Segundo Calmon, a ameaça foi feita por telefone no último dia 9. Do outro lado da linha, uma pessoa teria chamado o advogado de "filha da p..." e dito que ele e Mônica "amanheceriam com a boca cheia de formiga" se continuassem com a polêmica sobre Renan.

O advogado disse que não poderia comentar detalhes da relação entre Mônica e o senador. Mas leu uma declaração enviada pela jornalista repetindo sua versão sobre o pagamento da pensão. No documento, Mônica afirma que recebia o dinheiro das mãos do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, e não por depósito em conta. "Ela mesmo depositava", disse o advogado da jornalista.

Na declaração, Mônica nega vínculo de amizade com o lobista e também que tenha chantageado Renan. "Não há provas", afirmou o advogado. Calmon também discutiu com o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC). Sibá afirmou que não aceitaria comentários de Calmon sobre os trabalhos do conselho.

Gontijo

Logo depois de Calmon, irá depor o próprio lobista Cláudio Gontijo. Os depoimentos nesta segunda terão como relator o presidente do Conselho de Ética. Sibá substitui o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que pediu licença nesta segunda por motivos de saúde.

Sibá explicou que assumirá o cargo de relator somente nesta segunda durante os depoimentos. "Vou assumir apenas nesta segunda. Amanhã teremos um outro relator", disse.

Sibá não admite, mas ele recebeu pelo menos duas recusas para substituir Cafeteira. Os senadores Leomar Quintanilha (PMDB-TO) e Valter Pereira (PMDB-MS), aliados de Renan, reuniram-se com Sibá, mas não aceitaram a função. Como não queria pôr alguém da oposição, Sibá optou por aproveitar a brecha do regimento que permite que ele mesmo fique como "relator substituto".

Essa substituição, no entanto, é apenas figurativa. Sibá deixou claro que ele e o relator que assumirá na votação do relatório de Cafeteira nesta terça não poderão alterar o voto que pede o arquivamento do processo contra Renan. "Já temos um relatório apreciado. E já está em discussão", afirmou.

A assessoria de Sibá explicou que somente uma nova representação no Conselho de Ética poderia abrir caminho para um relatório que abordasse o contéudo da reportagem do "Jornal Nacional" de quinta-feira (14), que mostra divergências nos recibos de rendimentos rurais apresentados pelo presidente do Senado para comprovar a origem do dinheiro da pensão.

A votação do relatório foi adiada para esta terça para que a Polícia Federal e técnicos do Senado fizessem perícia em documentos apresentados por Renan na última sexta para comprovar que não há divergências nesses recibos.

Cafeteira já havia dito que não mudaria seu relatório com o resultado da perícia. Ou seja, os resultados dessa análise dos documentos podem somente alterar a intenção dos votos dos senadores a favor ou não ao relatório de Cafeteira ou pelos relatórios da oposição que pedem a continuidade das investigações.





Fonte: G1

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