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Cidades/Geral
Quarta - 13 de Junho de 2007 às 20:32

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Frustração e esperança. O "Caso Tijucal" tem a mais longa relação de testemunhas executadas como "queima de arquivo" que se tem notícia na história dos crimes de homicídio no mundo. Um dos acuasados por um dos maiores mistérios de Mato Grosso, o ex-comissário de menores Douglas Basanini senta no banco dos réus do Tribubal do Júri Popular na próxima sexta-feira (16).

Onze anos, um mês e 12 dias depois - de primeiro de maio de 1996 até hoje -, ela, sempre ela, Odilza Sampaio, de 53 anos, continua atrás e se agarra a qualquer chance na tentativa de localizar o corpo do filho Marcos Sampaio, o "Marquinho" na época com 19 anos.

Odilza tanto procura o corpo do filho Marcos, quanto também está atrás dos dois amigos dele, sequestrados e supostamente executados por volta das 17 horas de 1° de maio de 1996 na Praça do Popay, no bairro Tijucal, em Cuiabá.

Os três jovens nunca foram localizados, nem vivos, nem mortos. Os corpos poderiam estar numa lagoa do bairro Morada da Serra (CPA-3), em Cuiabá. “Nunca vou perder as esperanças de encontrar os corpo de meu filho e dos dois amigos dele”, afirma a esperançosa mãe.

Uma denúncia anônima levou no mês passado, investigadores chefiados pelo delegado Márcio Pieroni, titular da Delegacia de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP) juntamente com homens do Corpo de Bombeiros até a lagoa, local onde estariam os corpos. Mas as buscas foram em vão.

Mesmo frustrada por mais uma esperança que se foi, Odilza continua na luta para encontrar os corpos do filho e dos amigos dele. Apesar do tempo, o “Caso Tijucal” - como ficaram conhecidas as investigações -, continua atual e polêmico.

Além das quatro pessoas: uma morte e sepultada e três desaparecidas, o “Caso Tijucal) tem uma relação macabra de testemunhas que foram executadas e desaparecidas. Uma história de mortes em série como não se tem conhecimento na história dos crimes de assassinatos.

Para se ter uma idéia da violência, das 33 pessoas arroladas como testemunhas, 29 foram executadas e quatro desapareceram misteriosamente. Sumiram de Cuiabá e nunca mais a Polícia teve notícias delas, podendo até terem sido executadas também em outras cidades para onde fugiram com medo. Aliás, uma testemunha foi executada no Rio de Janeiro.

“CASO TIJUCAL”

Dia 27 de abril de 1996: Some o garoto Adriano Barbosa de Lima, o “Talinha”, de 15 anos. Primeiro de maio do mesmo ano: Somem o ajudante de mecânico Marcos Henrique Sampaio, o “Marquinho”,19 – filho de Odilza -, Ednelson Soares, o “Edi”, 16 e Vilmar da Silva Fernandes, 16. Os três foram seqüestrados por dois homens em uma Brasília vermelha.

Cinco dias depois (03/06/1996), o corpo de “Talinha” é localizado boiando nas águas da Lagoa Paiaguás ao lado do Palácio Paiaguás no Centro Político Administrativo (CPA), em Cuiabá. Os três jovens sequestrados nunca foram localizados.

COMEÇA LUTA

A partir do sumiço do filho, Odilza começa uma luta que dura até hoje. Dias depois do sequestro dos três amigos e da descoberta do corpo de de “Taqlinha”, some o jovem Charles, Araújo Martins, 19, uma das testemunhas oculares e chaves do seqüestro de Marquinhos, Edi e Vilmar. Além de morta com cinco tiros, todos na cabeça, a testemunha ainda teve o corpo carbonizado e jogado em uma estrada de chão, ao lado de um lixão na região do bairro Osmar Cabral.

Sentindo-se ameaçada, Odilza manda o filho Wellington Sampaio, o “Popay”, 16 para a casa de parentes no Rio de Janeiro. Lá ele também é assassinado e ainda teve o corpo ocultado. A partir daí começa uma série e execuções sumárias. Todas as vítimas eram testemunhas do “Caso Tijucal”.

Entre as vítimas estão pessoas como Antonio de Pádua, um trabalhador honesto e sério, morto. Também mataram “Nenê”, também conhecido como Chué”, Charles, Denis e Eliane, a “Aninha”, de 16 anos, namorada de Charles.

No desenrolar das investigações e por pura insistência de Odilza e da imprensa que acompanhava o caso, foi preso o ex-policial civil João da Silva Mendes, o “Mestre Caravelas. Apesar de negar, o ex-policial foi condenado a 18 anos de prisão. Pagou parte da pena e hoje encontra-se em liberdade

Também é acusado o ex-comissário de menores Douglas Basanini, que fugiu para outro país, mas acabou preso pela Interpol - Polícia Internacional - no início deste ano através de mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça de Mato Grosso.

Douglas e “Mestre Caravelas” teriam agindo a mando do ex-comerciante Sebastião Correa Leite, 60, apontado como mandante do crime. Correa usou o filho, então menor, Sérgio Marcos Correa Leite, o “Téio” para apontar as vítimas para serem seqüestradas e assassinadas.

Correa foi preso no ano passado. eve sua primeira audiência na Justiça, depois de dez anos no dia 12 de junho do ano passado. Na próxima quinta-feira (14), ele volta para mais uma audiência no Fórum Criminal de Cuiabá, mas continua em liberdade.

Já o ex-comissário de menores de Mato Grosso, Douglas Basanini vai sentar no banco dos réus na próxima sexta-feira. Seu julgamento, caso não seja adiado, promete ser um dos amis longos e polêmicos dos últimos anos.




Fonte: 24 Horas News

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