Walfrido diz que Venezuela está fora do tom mundial de abertura

O ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, afirmou hoje que a Venezuela está fora de tom mundial da abertura por não renovar a concessão do canal televisivo RCTV. O canal deixou de funcionar depois que o presidente venezuelano Hugo Chávez não renovou sua concessão.

"No momento em que um país restringe que uma cadeia de TV possa ter uma concessão, está fora do tom mundial de abertura", disse Walfrido.

O ministro lembrou dos tempos em que era estudante, em 1964, e houve a mudança de regime político. "A imprensa livre, a Justiça funcionando e as instituições funcionando são características de um país moderno", afirmou.

Walfrido lembrou ainda que não há risco de haver uma crise entre Brasil e Venezuela, pois o recado sobre o assunto foi dado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao sugerir que o colega venezuelano cuidasse dos assuntos de seu país, que ele cuidaria do que se refere aos temas brasileiros.

O mal-estar entre Brasil e Venezuela se agravou na semana passada quando Chávez disse que o Senado brasileiro agia "como um papagaio" do Congresso americano. Ele respondia a um requerimento aprovado pelo Senado com pedido para que o presidente venezuelano devolva a concessão da RCTV.

Reações

No Congresso, as reações contra Chávez se intensificaram nos últimos dias. Hoje a oposição, liderada pelos senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Arthur Virgílio Netto (PSDB-AM), sugeriu que o grupo de parlamentares que integra o Parlamento do Mercosul dificulte a integração da Venezuela ao bloco econômico.

Para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), há dúvidas sobre a existência de liberdade de imprensa na Venezuela. "Se houvesse liberdade de imprensa a gente não estaria discutindo isso hoje", disse hoje.

Renan propôs ainda que Chávez aprenda a conviver com os ditames da democracia. "A democracia não é perfeita, mas é o melhor dos regimes. O chefe de Estado da Venezuela tem de saber conviver com as posições políticas do Brasil que são diferentes e não iguais [às da Venezuela]", disse ele.