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Politica Brasil
Segunda - 04 de Junho de 2007 às 13:31
Por: Rogério Simões

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é um parceiro do Brasil e não representa um perigo à América Latina.

Esta é a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o impacto do governo de Chávez na região, feita em entrevista exclusiva ao programa de TV Hard Talk, da BBC.

"Chávez tem sido um parceiro do Brasil, nós temos grandes negócios na Venezuela, estamos fazendo refinarias conjuntas", afirmou Lula, ao repórter Stephen Sackur. "Eu não acredito que Chávez represente um perigo para a América Latina."

Durante a entrevista de meia-hora concedida em Londres e transmitida nesta segunda-feira pelo canal internacional BBC World, exibido no Brasil, Lula disse que o Brasil não entrará nas disputas políticas entre o governo venezuelano e os Estados Unidos.

"Chávez tem suas razões para brigar com os Estados Unidos. E os Estados Unidos têm suas razões para brigar com a Venezuela. O Brasil não tem nenhuma razão para brigar com os Estados Unidos ou a Venezuela."

Sobre a crise envolvendo o fechamento dos sinais de transmissão da rede de TV RCTV, Lula afirmou que se trata de um assunto interno da Venezuela.

"Nós temos que aprender a respeitar a lógica legal de cada país. Eu não dou palpite nas políticas internas de nenhum país", afirmou Lula, que disse que no Brasil seu governo tem lutado para garantir a liberdade de imprensa.

"No Brasil nós fazemos um esforço incomensurável para que a liberdade de imprensa seja exercida em sua plenitude."

Ajuda regional

Lula negou que a decisão da Bolívia de nacionalizar sua indústria de exploração de gás e petróleo tenha sido tomada por influência de Hugo Chávez.

"Evo Morales não era nem presidente quando o povo boliviano, num plebiscito, decidiu nacionalizar o gás. É uma decisão soberana da Bolívia, que o Brasil respeita."

O presidente brasileiro afirmou que o Brasil tem o dever de ajudar seus vizinhos mais pobres. "O Brasil, como a maior economia do continente, tem que ter a responsabilidade de ajudar os países mais pobres da América do Sul a se desenvolver."

Questionado se hoje na América do Sul havia dois modelos políticos e econômicos disputando espaço e áreas de influência, um modelo Chávez e outro modelo Lula, o presidente afirmou que o importante era que as nações sul-americanas conseguissem crescimento econômico.

"O sonho da América Latina é que todos os países cresçam economicamente, façam distribuição de renda e melhorem a vida do povo. É assim que pensa o presidente Kirchner, é assim que pensa o presidente Chávez, é assim que pensa o presidente Lula."

Lula rebateu sugestões de que o modelo econômico de seu governo não esteja conseguindo atacar as desigualdades sociais do Brasil.

"O Brasil vive seu melhor momento econômico dos últimos cem anos. A maior política de distribuição de renda para os pobres e a melhor política social do mundo, nós estamos fazendo."

Amazônia

Na entrevista ao Hard Talk, o presidente Lula também negou informações de que a expansão do cultivo da cana-de-açúcar no país para a produção de etanol seja uma ameaça para a floresta amazônica.

Lula disse que o solo da Amazônia não é apropriado para o cultivo da cana e que o Brasil ainda tinha um vasto território a ser aproveitado nessa cultura sem afetar a floresta.

"O nosso problema não é terra e muito menos invadir a Amazônia, porque a Amazônia não é área que serve para produzir cana", afirmou Lula, para quem os países em desenvolvimento não podem ser acusados de responsabilidade pelos danos globais ao meio ambiente.

"Não tentem jogar a culpa em cima dos países pobres pela poluição do planeta", afirmou. Segundo o presidente, os países desenvolvidos precisam pagar para que seja possível adotar nas nações mais pobres um modelo de desenvolvimento que não ameace o meio ambiente.

"Na Amazônia moram 22 milhões de habitantes, e eles querem ter acesso a TV, geladeira, a um emprego."





Fonte: BBC Brasil

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