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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Domingo - 03 de Junho de 2007 às 14:30
Por: Lourembergue Alves

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Enquanto no Japão políticos se suicidam de vergonha, deixando uma carta com pedido expresso de desculpas, por aqui muitos dos políticos brasileiros matam a população de vergonha, e, mesmo assim, ao contrário dos japoneses, não estão "nem aí" para o sentimento piegas do povo, que acreditou, logo após a palavra "final" da urna eletrônica ter escolhido representantes a sua altura, porém os tais políticos, uma vez empossados, se vestem de "mensaleiro", "sanguessuga", "vampiro" e até de "colarinho branco", menos de verdadeiros defensores de quem os elegeu, e, talvez por pagarem pelos votos recebidos, sequer se sentem "andar pelo fio da navalha", afinal a propina que lhes chega à conta não passa de "mixaria" e os presentes, simples "bugigangas". Transformando, assim, a política nacional em um grande negócio, razão pela qual se vê o aparecimento, da noite para o dia, de imensos patrimônios.

Fortalece, dessa forma, a condição do Brasil de "República de Bananas", na qual tudo é realizado em favor do privado, principalmente quando se desvia o dinheiro público. O único prejudicado, nesse processo de dilapidação, não é outro senão o cidadão comum, que tem suas reivindicações cada vez mais distantes do "status" de direitos, e, estes, por sua vez, são desrespeitados. Daí os parcos recursos destinados à saúde, a segurança e a educação escolarizada, impedindo que se chegue ao estágio da eqüidade. O que paralisa a democracia e, por conta disso, o país torna-se refém da violência, pois cresce o número dos mais variados crimes, prendendo as pessoas em suas próprias casas, refúgios particulares, bem longe da vida societária, até porque o espaço público está quase todo fatiado, transformado em verdadeiros feudos, cujo acesso só é permitido àqueles que estão dispostos a pagar pelo pedágio exigido.

Instala-se, então, o poder, distante da Ágora. A força física se estabelece. Mas, lembra Rousseau, no seu "Contrato Social", nada vale um direito que muda quando a força muda, o que, portanto, faz com que a palavra "direito" nada acrescente ao fato bruto da força. Daí, parafraseando Janine, a necessidade de superação da força. Aliás, isso já ocorreu em muitas ocasiões, como, por exemplo, no fim do Estado absolutista. A liberdade fora retomada. Os súditos desapareceram. Substituídos que foram pelos amantes do diálogo. Processo em que os interlocutores se realizam como iguais. Condição de existência da própria democracia, que pode reascender a política, cujo papel essencial é substituir a força pela palavra, mesmo em um país submetido no passado por momentos ditatoriais. Acontece, porém, que, por aqui, não é apenas a força física que ameaça a liberdade e a igualdade, mas também a economia, o que obriga aos brasileiros abrirem a caixa-preta do poder econômico, cujo ataque primeiro deve ser ao patrimonialismo e ao cartorialismo, sustentáculos de um Estado desigual, todo retalhado por forças político-eleitorais que dão sustentação a um governante que "nada vê, nem sabe" e ainda cai no disparate de dizer que se "sente traído"; enquanto a corrupção corre solta, desviando montantes cada vez mais elevados dos cofres públicos. Os atores dessa proeza não são, nada mais, nada menos, que os próprios senhores do poder, manda-chuvas do Legislativo federal e "gentes influentes" do governo, distribuídos nas variadas agremiações partidárias, que formam a base situacionista, contando como coadjuvantes políticos espalhados por algumas administrações municipais e estaduais. Quando denunciados e pegos com a "mão na botija", mostram-se indignados "com a invasão de privacidade" pelos agentes da Polícia Federal e meios de comunicação. "Durma com um barulho desse!" Razão pela qual o cidadão precisa reagir, caso queira salvar a política e restabelecer a Justiça, via processo democrático.

Lourembergue Alves é professor da Unic e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br




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