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Politica Brasil
Domingo - 03 de Junho de 2007 às 14:24
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Os mais entendidos defendem que um artigo deve centrar num assunto só. Tem hora que não dá para obedecer a regra. Como neste momento.

Dá até um frio na barriga falar sobre o primeiro assunto. Mato Grosso pode não ter um alcoolduto. Existe a promessa de que aquele que a Petrobras está construindo do Paraná para o Mato Grosso do Sul chegue um dia até nosso estado. Já estou achando um caso parecido com a ferrovia Noroeste do Brasil que parou em Campo Grande ou a outra que está parada em Alto Araguaia.

Estão pipocando investimentos no Brasil em usinas de cana-de-açúcar. Fala-se em 14 bilhões de dólares. Goiás e Mato Grosso do Sul estão nessa rota de investimentos. Não há nada previsto para nosso estado justamente por falta de meios para levar a produção de etanol ou biodiesel por um duto daquele. Não se sabe quando ele virá. E, se demorar, os investimentos já terão sido feitos em outros lugares.

Agora seria a hora de funcionar a ligação política de Blairo Maggi com o governo Lula. Hora de saber se a coalizão com o PT estadual vai render a extensão de um alcoolduto até Mato Grosso. Mas agora, na hora dos investimentos, e não se sabe lá quando.

Uma de Cuiabá. O secretário de infra-estrutura do Estado deu uma provocativa entrevista. Falou que os dez milhões de reais destinados a Cuiabá serão aplicados no asfaltamento em bairros da capital. Imaginava-se que essa quantia seria a ajuda do governo para a avenida das Torres.

O secretário disse ainda que existe um acordo para que a prefeitura dê contrapartida idêntica à colocada pelo governo para o asfaltamento dos bairros. E que, se a prefeitura não cumprir sua parte, o governo faria a licitação e as obras sozinho. Chamou o prefeito para a briga política.

A prefeitura tem recursos limitados até mesmo para a avenida das Torres. E o secretário quer que ela arranje mais dinheiro para asfaltar os bairros. Se isso não ocorre, joga a população dessa ou daquela localidade contra a prefeito.

O interessante é que o vereador Francisco Vuolo, dirigente do PR da capital, defendia antes que os dez milhões fossem pulverizados no mesmo estilo dito agora pelo secretário de Infra-Estrutura. Dá para deduzir que o governo estadual já pensava em atuar da forma que o Dilceu Marchetti falou.

A avenida das Torres é uma obra importante para a capital e ajudaria o Wilson Santos na eleição do ano que vem. Será que o governo vai politizar o assunto? Não daria a ajuda para tentar atrapalhar o trabalho da prefeitura? E ainda teria o discurso de que quer asfaltar mais bairros e não só priorizar uma obra. Acaba jogando parte da população contra o prefeito. Este disse que vai conversar com o Blairo. Quem sabe saia um entendimento. Se sair fica mais estranho ainda a entrevista do secretário estadual. Mas da forma que o assunto foi colocado parece que há um arrufo político em andamento.

Uma do plano nacional. O caso de corrupção da empreiteira Gautama tem provocado outras discussões. Fala-se, por exemplo, em fazer com o que orçamento da União seja impositivo. Que, ao ser votado, tudo que estivesse nele seria cumprido. E, no caso, as emendas dos parlamentares sairiam obrigatoriamente. Tem aspecto positivo e negativo.

No lado positivo livraria os parlamentares da pressão do governo. Todos sabem que as emendas saem ou são retardadas de acordo com a votação nas matérias de interesse do governo no Congresso. Também não precisaria a romaria de prefeitos em Brasília se a verba já estivesse votada no imaginado orçamento impositivo. Isso é bom.

Se, porém, os recursos vão sair obrigatoriamente esse tipo de orçamento poderia até facilitar a corrupção. Quem é que garante que a rapina acabaria? Lá na ponta, na execução da obra, os acertos podem ser feitos. Acabaria a propina em cima para forçar a liberação dos recursos, mas lá na tal base a coisa poderia continuar como sempre.

Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta às terças, quintas e aos domingos. E-mail: pox@terra.com.br




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