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Polícia Brasil
Segunda - 15 de Abril de 2013 às 19:14
Por: Janaina Garcia

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Os policiais militares da Rota que entraram no pavilhão 9 do Carandiru a pretexto de conter uma rebelião de presos em outubro de 1992 desrespeitaram uma comissão de negociação que se formava para tentar mediar o conflito e "gritavam como índios, ou como se marcassem um gol".

As afirmações foram feitas pelo agente penitenciário Moacir dos Santos, funcionário da antiga Casa de Detenção do Estado à época em que 111 presos foram mortos por policiais militares. Santos é a quarta testemunha de acusação ouvida nesta segunda-feira (15) no júri popular de 26 PMs acusados pela morte de 15 presos que estavam no primeiro andar do pavilhão. O julgamento acontece no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, e é o primeiro de uma série de quatro júris que serão realizados até o final do ano sobre o caso, marcado como o pior na história do sistema penitenciário brasileiro.

De acordo com o agente penitenciário, não houve rebelião no presídio no dia da invasão da polícia, como alegou o Estado, à época, e como sustenta a defesa dos réus. Segundo ele, houve um "acerto de contas" entre duas facções rivais, de modo que mesmo funcionários do complexo, em nenhum momento, foram mantidos reféns pelos internos.

Conforme a testemunha, formou-se uma junta de negociação composta pelo então secretário de Segurança, Pedro Franco de Campos, pelo secretário adjunto, Antonio Filardi Diniz, por dois juízes e pelo coordenador do presídio.

"Passei para ele [um dos PMs] quem estava no pátio e quem estava na briga. Quando abriu o portão, tudo o que tinha sido combinado entre as autoridades caiu por terra –vi presos rendidos sendo metralhados", afirmou a testemunha, referindo-se a internos que estavam no pátio, fora da briga, voltando de áreas como a capela ou o campo de futebol.

"Não respeitaram nem o coronel Ubiratan [Guimarães]", disse, referindo-se ao comandante da operação, assassinado em 2006, em São Paulo.

Indagado pelo juiz José Augusto Marzagão se os presos gritavam a ponto de não se estabelecer um diálogo audível entre as partes, o agente negou: enfatizou que a "euforia" era apenas dos policiais, uma vez que os internos já haviam jogado armas brancas que estavam com eles nas celas.






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