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Politica Brasil
Segunda - 21 de Maio de 2007 às 20:20

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BRASÍLIA - O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, deve ser afastado nesta terça-feira, 22, do cargo. No Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, falava-se em demissão, pura e simples. Entre os padrinhos políticos da indicação de Rondeau para o ministério - o principal deles é o senador José Sarney (PMDB-AP) - havia ainda a busca de uma saída, segundo a qual o ministro pediria licença até que todos os fatos sejam apurados. Seria a tentativa de uma saída honrosa, visto que nem o grupo de Sarney acredita que, a esta altura, haja salvação para o ministro.

Rondeau é apontado pelas investigações da Polícia Federal como suspeito de ter recebido, no ministério, R$ 100 mil de propina do empresário Zuleido Veras, dono da empreiteira Gautama. O ministro, no entanto, nega as acusações e disse nesta segunda-feira que está havendo prejulgamento no caso.

Zuleido e outras 46 pessoas foram presos na semana passada, sob a acusação de organizarem uma máfia que fraudava licitações de programas como o Luz para Todos e se preparava, agora, para atacar também os empreendimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O pedido de licença do cargo por parte de Rondeau seria uma saída no estilo da encontrada em 1993 por Henrique Hargreaves, então chefe da Casa Civil do presidente Itamar Franco. Apontado pela CPI dos Anões do Orçamento como suspeito por desvios de dinheiro público, Hargreaves se licenciou para responder às acusações fora da função e para evitar problemas para Itamar. Comprovou que não estava envolvido nas irregularidades e voltou ao cargo.

Sarney disse ao ministro que o caso de Hargreaves criou uma espécie de "jurisprudência" para auxiliares que se sentirem injustiçados. Afirmou que era uma sugestão, mas que ele e o presidente Lula é que deveriam decidir o que é melhor. Ao mesmo tempo, Sarney procurava se preservar. Ele não quer, por exemplo, que a vaga de Rondeau seja entendida como sendo sua. Acha que o PMDB tem de assumi-la. Se for entendida como dele, Sarney, outro partido pode querer a vaga. Sendo um direito dos peemedebistas, a legenda fica com crédito para encontrar outro ministro.

Situação ´crítica´

Na noite desta segunda-feira, fontes do Planalto disseram ao Estado que o presidente da República deveria receber em Brasília, na Base Aérea, na volta da viagem a Assunção e a Foz do Iguaçu, um informe sobre a situação política. O relato deveria ser feito pelo ministro Tarso Genro (Justiça). No Ministério das Minas Energia a situação de Rondeau era considerada "crítica" porque as provas da Polícia Federal sobre o envolvimento do assessor especial, Ivo Almeida Costa, são consideradas "consistentes" e "demolidoras".

O envolvimento de Ivo, que trabalha há mais de uma década na condição de homem de confiança de Rondeau, com o lobista da Gautama, Sérgio Sá, é considerado comprometedor. As gravações da PF mostram que os movimentos de ambos dentro do Ministério das Minas Energia não podem ter acontecido sem o conhecimento de Silas Rondeau. A PF também não tem dúvida, pelas imagens e grampos efetuados, que Sérgio Sá tratou com Ivo da liberação de obras públicas e de propinas que eram do conhecimento do ministro.

Nas gravações, Sérgio Sá presta contas ao empreiteiro Zuleido Veras, dono da Gautama, de assuntos tratados com assessores do ministério, que, depois, são confirmados pelos grampos, documentos, fotos e movimentações financeiras investigados. "O Sérgio Sá não blefa. Não dá para dizer que ele estava usando o nome do ministro para se promover e mostrar serviço", disse uma fonte da PF ao Estado.




Fonte: Estadão

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