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Politica Brasil
Segunda - 21 de Maio de 2007 às 20:16
Por: Edilson Almeida

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Que dinheiro, que nada: na sacola que Jair Pessini, ex-secretário e assessor do prefeito Nilson Leitão, carregava em Brasília no dia 21 de março, tinha três garrafas de vinho. Essa, pelo menos, é a versão do acusado diante da revelação do conteúdo do relatório e das filmagens realizadas pela Polícia Federal nas investigações sobre o pagamento de R$ 200 mil de propina ao prefeito de Sinop, referente ao superfaturamento de obras de saneamento básico no município. Pessini e Nilson Leitão prestaram depoimentos à ministra Ellen Calmon, do Supremo Tribunal de Justiça.

Como não poderia deixar de ser, Pessini – apontado como o homem escalado para pegar o dinheiro com a Gautama – e o próprio prefeito Leitão foram pródigos em suas versões de inocência. Os depoimentos ocorreram às portas fechadas em função do segredo de Justiça decretada no processo. "O prefeito esclareceu que não fez nada de errado, não recebeu nenhuma propina” – disse o advogado Marcelo Segura. Segundo ele, evidentemente, “ficou claro que o prefeito não cometeu irregularidade alguma".

"O que nos impressionou foi o reconhecimento da ministra ao dirigir as palavras para Jair e Nilson no sentido que estão livres. O que notamos na ministra foi a sensibilidade de ver o sofrimento de pessoas inocentes sendo presas sem provas de qualquer irregularidade, uma vez que nenhum dinheiro foi movimentado para execução da obra" - afirmou o advogado Claudio Alves, que defende os interesses de Pessini. O prefeito Nilson Leitão deve retornar a Sinop ainda nesta terça-feira.

A libertação de Leitão e de Pessini, vale ressaltar, não significa absolutamente que os dois conseguiram convencer as autoridades judiciárias de que são inocentes. A medida em que os acusados vão sendo ouvidos o STJ vem liberando-os da prisão temporária.

Segundo relatório da Polícia Federal, dois dias depois de fechar a concorrência da obra, Pessini se dirigiu a Embassy Tower, localizado a SRTV Sul Quadra 701, onde possivelmente subiu até o escritorio da Gautama. Ele entrou no edifício sem portar qualquer objeto em suas mãos. Em menos de 5 minutos, ele desceu, "agora com uma sacola escura em suas mãos, e dirigiu-se ao táxi”. O assessor estava hospedado Hotel Grand Bittar, no Setor Hoteleiro Sul de Brasília. Nilson Leitão também estava no hotel. Os dois retornaram junto a Cuiabá.

Nesta segunda-feira, enquanto estava depondo no STJ, surgiram mais evidências sobre o lado escuro envolvendo a obra. O prefeito havia ignorado peremptoriamente um relatório em que se apontava um superfaturamento de até 110% no projeto da rede de saneamento de esgoto da cidade de Sinop. O documento foi entregue por vereadores e teve como base um estudo realizado pela RMS Engenharia, com sede em Fortaleza (CE). Em alguns itens a diferença de preços chegou a 400%. Leitão não levou em consideração o alerta e alegou que a concorrência entre as nove empresas foi feita de forma legal.

Pelos cálculos da RMS Engenharia, a obra que está orçada em R$ 46,7 poderia ser concluída com R$ 22,2 milhões. De acordo com a auditoria da Câmara de Vereadores, a obra do sistema de esgoto, com extensão de 162 quilômetros de encanamento, e que iria beneficiar 40% da população, não segue o padrão adotado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em obras semelhantes. Para fechar o contrato, o dono da Gautama, Zuleido Veras, foi pessoalmente a Sinop, assinar o convênio em 19 de março desse ano.





Fonte: 24 Horas News

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