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Escritor cubano diz que política cultural "continua em debate"
HAVANA - O escritor cubano Reynaldo González, que foi um dos responsáveis por uma inédita polêmica entre intelectuais e artistas sobre a política cultural em Cuba, afirmou neste sábado, 19, que "o debate não terminou" e demarcou "um antes e um depois" da "guerra dos e-mails", que discutiu a repressão a homossexuais nos anos 70.
González retomou neste sábado, 19, durante a apresentação do último número da revista "Casa de las Américas", o tema que provocou em janeiro um ativo debate por e-mail entre um grupo de intelectuais cubanos. Eles se queixavam da volta à televisão estatal de dois ex-censores do "Qüinqüênio Cinza", Luis Pavón e Jorge Serguera.
O período 1971-1976 foi especialmente duro para a cultura pela censura. Vários escritores e artistas foram condenados à marginalização por sua condição homossexual ou sua suposta falta de compromisso ideológico com a revolução.
A revista publica o texto da conferência "O Qüinqüênio Cinza: revisitando o termo", lida pelo escritor Ambrosio Fornet em 30 de janeiro na própria Casa de las Américas. Foi a primeira de uma série de reuniões com centenas de artistas e as autoridades culturais do País.
Reynaldo González, Prêmio Nacional de Literatura 2003, disse na apresentação que "depois do que foi vivido e denunciado por Fornet e por muitos de nós, a cultura cubana só podia reagir com retificações, sem parar antes de atingir a compreensão e a unidade".
"A cultura pode ser prejudicada por decreto. Mas os decretos não servem para estancar essas feridas. Abertas no corpo da inteligência e da sentimentalidade coletiva, elas atuam num organismo que é a consciência de uma sociedade", afirmou o escritor.
"Com a chamada ´guerra dos e-mails´, nós, intelectuais cubanos, entramos numa saudável revisão dos crimes culturais cometidos na década de 70, com a discriminação, a intolerância e a homofobia criando um clima que prejudicou profundamente nossa cultura", ressaltou.
Para González, "os problemas atingiram também o prestígio da revolução e puseram em dúvida seu humanismo, que é a sua razão de existência".
O escritor elogiou a homenagem de 2006 na Casa de las Américas ao escritor chileno Pedro Lemebel, homossexual assumido, e o fato de que agora a instituição cultural dedique 40 páginas de sua revista à "sua figura excepcional e sua obra".
"Quando muito se fala da diferença, dos direitos do gênero, do respeito aos demais, a personalidade de Lemebel é emblemática", apontou.
Em declarações a Efe, González disse que há "um antes e um depois" da "guerra dos e-mails", mesmo sem "mudanças espetaculares" em Cuba. "Mas as coisas estão mudando muito, e os debates continuam no Instituto Superior de Arte e nas províncias", avaliou.
Ele considerou como maior desafio convencer as pessoas que, de boa fé, adotaram um modo de ver a arte e a literatura condicionado por teorias dogmáticas. "Foi uma imposião stalinista, que não é fácil de apagar num país tão politizado", ressaltou.
González retomou neste sábado, 19, durante a apresentação do último número da revista "Casa de las Américas", o tema que provocou em janeiro um ativo debate por e-mail entre um grupo de intelectuais cubanos. Eles se queixavam da volta à televisão estatal de dois ex-censores do "Qüinqüênio Cinza", Luis Pavón e Jorge Serguera.
O período 1971-1976 foi especialmente duro para a cultura pela censura. Vários escritores e artistas foram condenados à marginalização por sua condição homossexual ou sua suposta falta de compromisso ideológico com a revolução.
A revista publica o texto da conferência "O Qüinqüênio Cinza: revisitando o termo", lida pelo escritor Ambrosio Fornet em 30 de janeiro na própria Casa de las Américas. Foi a primeira de uma série de reuniões com centenas de artistas e as autoridades culturais do País.
Reynaldo González, Prêmio Nacional de Literatura 2003, disse na apresentação que "depois do que foi vivido e denunciado por Fornet e por muitos de nós, a cultura cubana só podia reagir com retificações, sem parar antes de atingir a compreensão e a unidade".
"A cultura pode ser prejudicada por decreto. Mas os decretos não servem para estancar essas feridas. Abertas no corpo da inteligência e da sentimentalidade coletiva, elas atuam num organismo que é a consciência de uma sociedade", afirmou o escritor.
"Com a chamada ´guerra dos e-mails´, nós, intelectuais cubanos, entramos numa saudável revisão dos crimes culturais cometidos na década de 70, com a discriminação, a intolerância e a homofobia criando um clima que prejudicou profundamente nossa cultura", ressaltou.
Para González, "os problemas atingiram também o prestígio da revolução e puseram em dúvida seu humanismo, que é a sua razão de existência".
O escritor elogiou a homenagem de 2006 na Casa de las Américas ao escritor chileno Pedro Lemebel, homossexual assumido, e o fato de que agora a instituição cultural dedique 40 páginas de sua revista à "sua figura excepcional e sua obra".
"Quando muito se fala da diferença, dos direitos do gênero, do respeito aos demais, a personalidade de Lemebel é emblemática", apontou.
Em declarações a Efe, González disse que há "um antes e um depois" da "guerra dos e-mails", mesmo sem "mudanças espetaculares" em Cuba. "Mas as coisas estão mudando muito, e os debates continuam no Instituto Superior de Arte e nas províncias", avaliou.
Ele considerou como maior desafio convencer as pessoas que, de boa fé, adotaram um modo de ver a arte e a literatura condicionado por teorias dogmáticas. "Foi uma imposião stalinista, que não é fácil de apagar num país tão politizado", ressaltou.
Fonte:
EFE
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/226570/visualizar/
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