CPI do Apagão do Senado começa investigação por obras de aeroporto

A oposição já definiu qual será o primeiro passo na CPI do Apagão Aéreo do Senado na investigação sobre as denúncias de corrupção na Infraero: as obras no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Senadores da oposição, inclusive o relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO), já foram avisados de que até o mês que vem o Tribunal de Contas da União (TCU) concluirá as investigações sobre o aeroporto.

Segundo o G1 apurou, o relator (responsável por conduzir as investigações) e os senadores da oposição acreditam que esses documentos seriam o ponto de partida para a CPI, instalada nesta quinta-feira (17), começar a investigar a Infraero. Sem maioria (o governo tem sete votos contra seis), no entanto, eles já definiram a estratégia para chegar logo a essa apuração.

A tática é não criar problemas para aprovar os primeiros requerimentos sobre a crise do chamado "apagão" do sistema aéreo. Segundo um senador, seria a chamada "perfumaria" para evitar um conflito com a base governista logo no começo da CPI. Nesta etapa, seriam ouvidos controladores e demais pessoas ligados ao setor de tráfego aéreo. E o relator já foi informado pelos colegas que, logo depois, a partir da terceira semana, a CPI terá que dar os primeiros passos rumo à Infraero.

Segundo o G1 apurou, o relator informou aos aliados que, se depender dele, o acidente com o avião da Gol no ano passado que matou 154 pessoas não terá prioridade na CPI. Os senadores da oposição concordam acham que não há mais interesse nesse assunto depois que a Polícia Federal concluiu o inquérito sobre a tragédia. Um senador disse ao G1 que não há por que investigar "o que todo mundo já sabe".

Isso já diferenciaria a CPI do Senado da estratégia adotada pela da Câmara de começar a investigação pelo acidente. Demóstenes não pensa em criar uma cronologia, como foi feito pelo relator da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que começou pela tragédia da Gol e deixou a Infraero para o fim da CPI. No Senado, o objetivo do relator e da oposição é apurar tudo ao mesmo tempo.

Demóstenes deve apresentar seu cronograma na reunião da CPI na próxima terça (22). Nesta quinta, ele e o presidente da comissão, Tião Viana (PT-AC), farão uma série de visitas: ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, ao Controlador-Geral da União, Jorge Hage, ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, e ao presidente da CPI da Câmara, Marcelo Castro (PMDB-PI). Na segunda, o relator e o presidente da CPI querem visitar o comando da Aeronaútica.