Ex-prefeito de Tangará, Muraro rompe silêncio e fala sobre política
As Eleições Municipais são acaloradas, as discussões são apaixonantes e todos se envolvem no processo político. É o futuro de um povo que está em jogo. Se pessoas capacitadas forem eleitas nos dois poderes, o resultado será bom. Se a semente for boa, bons frutos virão.
Qualquer Prefeito eleito, mesmo com todas as boas intenções, pode errar um pouco. As falhas podem aparecer de forma indireta, através da ação de um servidor que mesmo agindo de boa fé, erra. Ai sobra pra cabeça do administrador. Afinal, uma Prefeitura com mais de 1.500 servidores não é um Seminário de Padres. No Seminário quase tudo dá certo.
Venho de oito eleições disputadas. Sete vitórias e uma derrota. Duas vezes vereador em Araruna – PR. Uma vez presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Duas vezes Deputado Estadual e duas vezes Prefeito. Uma derrota em 1994 para Deputado Estadual.
Sempre gostei de Política, de discussões, de planos de desenvolvimento e de obras. Fizemos boas obras nesse Estado e em nossa Cidade.
Nosso segundo mandato seria o mais absoluto sucesso se não ocorressem vários acidentes de percurso.
Quando conseguimos pagar todas as contas e enxugar a folha, no final de 2001, aí começou uma chuva de pedras. Uma oposição muito forte de uma parte da imprensa, que era mal remunerada na minha gestão, se insurgiu. Qualquer pequeno erro da administração era uma sentença de morte. Foi um verdadeiro Linchamento Político de nosso grupo.
Em números redondos, R$ 8.800.000,00 de convênios pactuados com o Governo do Estado foram para o ralo e mais R$ 12.200.000,00 do Governo Federal também abortou. Tangará só perdeu. O povo perdeu.
Não tenho mais vontade de disputar eleições. O meu tempo já passou. Com 58 anos de idade, quero viver mais com minha família que é meu maior patrimônio. Quero ter paz, viajar um pouco, pagar minhas contas com os credores, o que sempre fiz; produzir grãos e cana e escrever um livro de 400 páginas, retratando coisas boas e ruins da minha vida.
Tenho uma boa origem, venho de boa família, tive uma educação severa e só freqüentei bons colégios. Meu comportamento sempre foi bom. Educação boa. Jamais tive vocação para o mal. A “Turma do Caranguejo” (em torno de 12 pessoas) queriam que Eu fosse bandido, quem sabe até ladrão. Fizeram tempestade em copo d’água e Tangará não lucrou com isso. Só perdeu.
Deixo como administrador, centenas de obras feitas e grandes avanços. Tangará cresceu com o nosso Governo e ficou entre as três melhores cidades de Mato Grosso em qualidade de vida e beleza.
Agradeço a todos os nossos Secretários e Servidores, pois juntos acertamos muito e somos reconhecidos pelo trabalho realizado. Também podem ter havido pequenos erros, localizados em dois segmentos da Administração, quando Eu percebi, já era tarde. No livro falarei sobre isso.
Fomos encurralados e perseguidos. Muitas pessoas de passado limpo, idôneas e de boa família foram presas. Foi um pesadelo. Um Desembargador do Tribunal de Justiça se hospedou em Tangará por dois dias durante o toque das trombetas, e disse: “Tangará perdeu o juízo!”.
Na história de Mato Grosso nunca se viu tanta truculência. Eu e minha família moramos aqui desde 29.02.1980. Acompanhei todos os passos do desenvolvimento de Tangará e Campo Novo do Parecis. Tenho orgulho dessas duas Cidades e desse Estado.
Hoje Tangará tem mais qualidade de vida que a cidade de Campo Mourão, no Paraná, Cidade de 52 anos. Claro que nossa Cidade precisa de faxina geral e mais oferta de empregos.
Desde a primeira prefeita, Thaís, na sucessão de Prefeitos, muito se construiu nesses 31 anos. O Povo sempre acreditou nessa Cidade e continuará acreditando.
Durmo bem todas as noites e desfruto de bons amigos. Coração limpo, consciência serena e nenhuma mágoa de adversários políticos.
Tive o privilégio de ter muitas orações das Comunidades Evangélicas e da minha Igreja Católica para que a maldade fosse enfraquecendo por parte dos que me desejavam mal. Fiz uma viajem longa ao Paraná em busca dos conselhos do Pe. Breda. O Padre é exorcista e Eu pensei comigo mesmo: “Será que tenho algum ‘encosto’?”.
Hoje estou bem, como sempre estive. Vou à Igreja aos Domingos junto de minha esposa Olga, leio bons livros e tenho uma Bíblia ao alcance das mãos. Desfruto de boa saúde e uma grande força de espírito. É assim que conseguimos ficar de pé, cabeça erguida e conversar com as pessoas olhando nos olhos. Nos olhos existe o reflexo do que você tem no coração. Coração limpo, olhos serenos.
Espero pelo surgimento de novas lideranças políticas para Tangará, de preferência emergentes dos bancos das Faculdades.
Temos bons nomes no Democratas (ex-PFL), nosso partido, para 2008. Nunca mudei de partido, sempre fui filiado ao PFL, desde o seu surgimento. Temos dois senadores em Brasília e uma grande bancada de Deputados na Assembléia, além de Vereadores.
Estou aqui com todas as letras respondendo à perguntas que são feitas na rua todos os dias, por amigos, por correligionários e por eleitores: “Não sou candidato a nada.”. Ficarei recolhido em meu cantinho, torcendo para que seja feita uma boa administração no presente e que o futuro seja melhor, com harmonia, paz e muito trabalho. Deus sempre vai abençoar nossa Cidade e nosso Povo e nunca irá abandonar os mais humildes, principalmente os de Espírito.
Jaime Luiz Muraro
Engenheiro Agrônomo, produtor rural e ex-Prefeito
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