Leitão supostamente participava de esquema igual ao sanguessuga, diz delegado da PF
Os dois estariam implicados numa trama parecida com a máfia dos sanguessugas, aquela quadrilha composta por parlamentares, donos de empresas, assessores e funcionários do Ministério da Saúde, prefeitos e funcionários das prefeituras que desviavam dinheiro da compra de ambulâncias pelos governos municipais.
Fonseca informou nesta manhã que Leitão foi preso por volta das 6 horas da manhã, em casa. Já o secretário foi pego no estado do Maranhão. Além das duas prisões, a Polícia Federal cumpriu três mandados de buscas e apreensões em Sinop.
Leitão está sendo trazido para Cuiabá de carro e, daqui, ele segue de avião para Brasília, onde vai prestar depoimento. A Polícia Federal desenvolve desde a manhã de hoje a “Operação Navalha” missão que objetiva prender 40 pessoas por participação do esquema de desvio de recursos federais. As prisões têm ocorrido no Distrito Federal e mais nove estados brasileiros.
Leitão e Piccini foram detidos por força de um mandado de prisão temporária, cuja validade expira em cinco dias. É possível que o mandato seja prorrogado.
O delegado Fonseca disse que Nilson Leitão agiu no caso por meio de um esquema montado pela empresa Gautama, cuja sede fica em Salvador, na Bahia. O empreendimento baiano, uma empreiteira seria a responsável em fraudar as licitações.
O policial não soube informar que obras da prefeitura de Sinop teriam sido fraudadas, mas garantiu que são as de “grande porte”. É possível que o prefeito de Sinop fique preso ou na superintendência da PF, em Brasília, ou num presídio.
As investigações
As investigações da PF, que começaram em novembro de 2006, apontam o desvio de recursos dos ministérios de Minas e Energia, da Integração Nacional, das Cidades e do Planejamento. O esquema fraudava ainda licitações no âmbito do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit). Por envolver autoridades e servidores públicos, o inquérito está no Superior Tribunal de Justiça.
De acordo com a Polícia Federal, a empresa Gautama, com sede em Salvador, comandava o esquema direcionando verbas públicas para obras de interesse da quadrilha. As licitações eram manipuladas para assegurar a liberação do dinheiro para obras superfaturadas, irregulares ou até que não existiam.
Os mandados de prisão estão sendo cumpridos nos estados de Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, São Paulo e no Distrito Federal. Policiais federais cumprem ainda 84 mandados de busca e apreensão. As contas dos envolvidos foram bloqueadas e os bens estão indisponíveis. Cerca de 400 policiais foram mobilizados para a Operação Navalha.
Hierarquia
Segundo a Polícia Federal, a quadrilha era estruturada em três diferentes níveis. No mais alto nível, estão os funcionários da empresa Gautama, abaixo, os chamados "auxiliares e intermediários", apontados como os responsáveis pelo pagamento de propina, e no terceiro nível, autoridades públicas que facilitariam a atuação da quadrilha.
As investigações da PF constataram o recebimento de "vultosas quantias" em dinheiro vivo e outras vantagens, como carros de luxo, por autoridades públicas.
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