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Polícia Brasil
Quinta - 17 de Maio de 2007 às 04:21

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Nesta quarta-feira (16), a justiça Federal ouviu mais alguns acusados de envolvimento em um esquema de grilagem de terras e falsificação de documentos públicos em Mato Grosso. Os acusados foram presos durante a operação Lacraia, desencadeada pela Polícia Federal (PF) no início de maio.

Durante a operação a PF cumpriu mandados de busca e apreensão de documentos e pedidos de prisão.No interrogatório de hoje foram ouvidos pelo juiz Federal, Julier Sebastião da Silva e o procurador da República, Mário Lúcio Avelar, os acusados Divino Marra da Silva, Eliane Silva Moreira, Maria de Lourdes Dias Guimarães, Rondon Rodrigues da Silva e Thatiane Gervásio do Nascimento.

Maria de Lourdes Dias Gumarães, que mora em Barra do Garças (MT) disse no interrogatório que trabalhou no Cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis de Barra do Garças por mais de 13 anos e deixou o emprego em 1995. Maria disse que conhece Lucélia Barros Lopes Parreira, funcionária do cartório acusada de ser uma peça importante no esquema. Ela negou ter falsificado qualquer documento e desconhece várias pessoas acusadas pela justiça de envolvimento no esquema ilegal de registro de terras, e afirmou ainda que nunca soube de qualquer irregularidade no cartório. Maria disse que não sabe porque as pessoas presas estão acusando ela de falsificação de documentos.

Maria disse que conhece Helena da Costa Jacarandá e trabalhou com ela no cartório.Mas ela disse que Lucelena Dias Guimarães é sua irmã e que os documentos fiscais e escrituras encontradas na casa da irmã, teriam sido entregues por Luiz Tomás Molesin. Maria disse que iria pedir uma certidão negativa para ele. Afirmou que raramente faz esse tipo de serviço e que não recebeu dinheiro por isso.

Ela também negou envolvimento em registro de escritura com data retroativa. O juiz interrogou Maria sobre conversas telefônicas suspeitas, onde ela falou algumas pessoas presas durante a operação Lacraia. Ela afirmou que conversou com algumas pessoas, assuntos pessoais, mas que não tratou de recebimento de propinas ou sobre falsificação de documentos nessas conversas. Ela negou ter prestado serviços ao cartório de Baliza, em Goiás.

Já Divino Marra da Silva, também interrogado hoje, também mora em Barra do Garças. Ele é corretor de imóveis na cidade. Divino também já trabalhou no cartório e disse que conhece algumas pessoas que também estão sendo acusadas pela justiça.

A exemplo dos outros acusados, ele também negou envolvimento com falsificação de documentos ou documentos frios. Disse que atua apenas na venda de fazendas. Ele confirmou ter conversado ao telefone com Lucélia Barros Lopes Parreira, oportunidade em que pediu que ela tirasse duas certidões do imóvel de um cliente dele. A pessoa teria comprado duas áreas de terra, de 420 e 500 hectares. Os documentos deveriam ser emitidos de forma legal.

Durante o interrogatório ele disse que não se lembra de conversa telefônica com Lucélia Barros Lopes Parreira, em 14 de setembro de 2006, onde teria afirmado que Helena da Costa Jacarandá mantinha matrículas de vários imóveis escondidas na casa dela. Ele negou que a acusada Lucélia Barros Lopes Parreira tenha conversado com ele sobre a participação do senador Jaime Campos na volta da Ré Helena da Costa Jacarandá ao Cartório do 1º Ofício de Registro de Imóveis de Barra do Garças.

Ele afirmou que a quantia de R$ 15 mil, depositados na conta do marido de Elizabeth Martins Ferreira, uma das acusadas de envolvimento com o esquema, era para pagar um serviço de registro de desmembramento de área. O dinheiro seria para pagara honorários do Cartório do 1º Ofício de Registro de Barra do Garças e da advogada Elizabeth Martins Ferreira.

Gratificação de R$ 5 mil

Outra acusada interrogada hoje foi Eliane Silva Moreira. Ela é escriturária no cartório de Barra do Garças. Ela é funcionária do cartório desde 1.993, lotada no setor de arquivo de matrículas, conhecimentos e etc. Ela confirmou que conhece várias pessoas que são acusadas pela justiça Federal de envolvimento no esquema de falsificação de documentos e grilagem de terra. Mas disse que também que alguns dos acusados ela só conheceu na prisão.

Ela negou ter fraudado matrículas de imóveis e que nunca tirou nenhum documento do cartório. Disse que nunca lançou dados falsos nos livros do cartório. Pois não tem acesso a eles. Apesar negar ter recebido dinheiro vivo de clientes, afirmou que já recebeu gratificações, e que os valores variavam de R$ 50 a R$ 100, mas nunca dividiu o dinheiro com ninguém do cartório.

A interroganda confirmou várias conversas telefônicas com outro acusado, Renato Alves de Oliveira Junior para tratar de pedidos de certidão. Disse que enviou uma certidão para a cidade de Canarana-MT, para outro cliente, e que o cliente ligou dizendo que havia recebido uma certidão que não pertencia a ele. Renato Alves de Oliveira Junior teria reclamado sobre o erro no envio da certidão. Ela pegou então o endereço do cliente para enviar a certidão correta. O próprio Renato Alves de Oliveira Junior tirou outra certidão e enviou para o cliente chamado Marcos, mas Eliane disse que não se recorda se as matrículas eram objeto de duplicidade relatada por Marcos.

Disse ainda que conhece uma pessoa chamada de Edinho e que Renato Alves de Oliveira Junior teria pedido para ela tirar uma matrícula no cartório. Eliane disse que não retirava matrícula e que chegou a receber uma proposta de Lucélia Barros Lopes Parreira, que ofereceu para ela R$ 5 mil para que Eliane retirasse certidões de matrícula no Cartório do 1º Ofício. Eliane disse que nem acreditou quando recebeu a proposta. Afirmou que não tirou as certidões e disse para Lucélia que era muito difícil entrar no arquivo.

Rondon Rodrigues da Silva, vendedor de passagens em Aragarças–GO, também prestou depoimento hoje. Ele é ex-marido de Lucélia Barros Lopes Parreira. Começou o depoimento negando qualquer vínculo profissional com Lucélia e Helena da Costa Jacarandá. Mas disse que conhece outro acusado, Irismar de Paula Paraguassú, tabelião do cartório de Baliza-GO. Confirmou que levava envelopes lacrados para Irismar, a pedido de Lucélia Barros Lopes Parreira. Adaídes Pereira Gervásio seria a intermediária, que pedia para Lucélia mandar os envelopes por intermédio dele. Irismar devolvia os envelopes grampeados Rondon, que devolvia eles para Lucélia. Rondon disse ao juiz que nunca perguntou sobre o conteúdo dos envelopes.

Rondon negou ter fraudado qualquer documento e disse que não sabia da existência de fraudes no cartório de Barra do Garças e no cartório de Baliza. Disse que não se recorda da conversa telefônica com Lucélia no dia 04 de setembro de 2006, e que não sabe o que quiz dizer com a afirmação: “nós registra daquele jeito, você entendeu, daquele jeito”.

Ele afirmou que conhece uma pessoa chamada Caê, dono de uma auto escola em São Luiz de Montes Belos-GO. Afirmou que Caê é conhecido dele, mas que nunca prestou serviços para Caê. Sobre outra conversa telefônica interceptada pela investigação, entre Caê e Rondon, em 12 de setembro de 2006, onde Rondon teria oferecido uma área de terra para Caê comprar, afirmou que a expressão: “só que não tem terra”, queria dizer que a terra era ocupada por posseiros.

Segundo Rondon, Helena da Costa Jacarandá só teria conseguida uma decisão favorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para voltar ao comando do cartório porque mandou um pai-de-santo fazer um trabalho. O trabalho teria custado R$ 200.

Thatiane Gervásio do Nascimento, é filha de Adaídes Pereira Gervásio e mora em Barra do Garças-MT. Ela trabalhava no Cartório de protesto de Barra do Garças, que funciona dentro do Cartório do 1º Ofício. Ela negou que tinha acesso ao arquivo de matrículas do Cartório do 1º Ofício. Ela disse que pedia para as acusadas Eliane Silva Moreira ou Divina Célia Moreno Nascimento tirarem cópias de matrículas para ela. As cópias eram entregues para a mãe dela, Adaídes Pereira Gervásio, ou outra pessoa que estivesse passando próximo ao cartório. Adaídes não trabalha no cartório, mas presta serviços para conseguir certidões de Certidão de Regularidade Fiscal de Imóvel Rural e ITR.

Ela afirmou que não se lembra o número das matrículas dos documentos, aos quais pediu cópia e por isso não sabe se determinadas matrículas sumiram do cartório.





Fonte: RMT Online

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