PMDB da Câmara garante mais oito cargos no governo

BRASÍLIA - O PMDB da Câmara venceu a batalha por cargos federais, travada com a bancada peemedebista do Senado e com partidos da base aliada, inclusive o PT. A conversa que o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), teve nesta quarta-feira, 16, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, produziu dois resultados imediatos.

Dá-se como certo que o ex-senador Maguito Vilela (PMDB-GO) comandará a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil e que o novo presidente de Furnas Centrais Elétricas será o ex-prefeito do Rio de Janeiro Luiz Paulo Conde (PMDB), a despeito do veto inicial da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, e da má vontade do ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau.

Não foi só isto que fez com que Temer deixasse o gabinete presidencial declarando-se satisfeito. A conversa de 40 minutos também foi decisiva para fechar um entendimento em torno de outros seis cargos reivindicados pela bancada da Câmara e considerados fundamentais para garantir ao Planalto os votos peemedebistas.

Temer foi incisivo. "Na verdade, não são mais que oito posições que o PMDB reivindica, o que é pouco para uma bancada que tem 101 votos no bloco com o PSC", disse o deputado ao presidente, lembrando que o apoio do PMDB é que deu estabilidade política ao governo.

"Vou resolver isto até a semana que vem", teria respondido o presidente a Temer, segundo relato de um dirigente do PMDB que se informou sobre os detalhes da conversa a sós entre os dois. "A conversa foi excelente. O presidente Lula nos garantiu que fará a integração definitiva do partido no governo", resumiu Temer na saída do Planalto.

Defesa de Conde

Lula disse que não havia veto pessoal seu a Conde, mas quis saber se a nomeação era mesmo importante. "Sem dúvida, presidente. O Conde é uma indicação da bancada do Rio, que tem 13 deputados, e do governador Sérgio Cabral. Esses votos podem resolver muitos problemas do governo na Câmara", respondeu Temer.

À tarde, o ministro Silas Rondeau foi chamado ao Planalto. Indicado para o ministério pelo senador José Sarney (PMDB-AP), com a benção do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Rondeau defendia, junto ao governo, os interesses políticos do PMDB do Senado, que não queria abrir espaço para a bancada da Câmara no setor elétrico.

Para Renan e Sarney, a bancada da Câmara tem três ministérios - Integração Nacional, Saúde e Agricultura, e deve acomodar aí seus pleitos, e não nos dois ministérios da cota dos senadores (Minas e Energia e Comunicações). Um senador peemedebista diz que seus companheiros reagiram mal à nomeação de Conde, convencidos de que os deputados estão avançando sobre os cargos do Senado. Mas sabem que a ministra Dilma já concordou e que não há mais o que fazer.

Outros cargos

A "integração definitiva" do PMDB envolve mais uma diretoria do Banco do Brasil - a de Tecnologia, para Joanilson Barbosa Ferreira, indicado pelo PMDB mineiro. Para presidir a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o PMDB paulista sugere o nome do ex-deputado Wagner Rossi (SP).

Na diretoria de Exploração e Produção da Petrobras, a bancada federal quer emplacar João Augusto Resende, um engenheiro da empresa que já foi diretor comercial da BR Distribuidora de 1993 a 1999. O indicado para a presidência da BR Distribuidora é o ex-deputado Moreira Franco (RJ), mas Lula informou a Temer que o cargo ficará com o PT. Quem vai para lá é o ex-senador e ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra. O PMDB ficará apenas com uma diretoria da BR.

Um dirigente do partido esclarece, no entanto, que o presidente deixou claro seu "apreço pessoal" por Moreira e sua "preocupação" em alojá-lo no governo. A idéia é colocá-lo em uma diretoria da Caixa Econômica Federal. Para a diretoria de Desenvolvimento Urbano da CEF a bancada do Centro-Oeste sugeriu outro nome: Carlos Antonio de Brito, que já dirigiu o Banco de Brasília (BRB).