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Cultura
Segunda - 14 de Maio de 2007 às 18:31

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Líderes indígenas disseram na segunda-feira ter ficado ofendidos pelas declarações "arrogantes e desrespeitosas" do papa Bento 16 de que a Igreja Católica os havia purificado, e que retomar suas religiões originais seria um retrocesso.

Num discurso para os bispos latino-americanos e do Caribe no encerramento de sua visita ao Brasil, o pontífice afirmou que a Igreja não havia se imposto aos povos indígenas das Américas. Segundo o papa, os índios receberam bem os padres europeus, já que "Cristo era o salvador que esperavam silenciosamente".

Acredita-se que milhões de índios tenham morrido no continente americano em consequência da colonização européia, depois da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492.

"É arrogante e desrespeitoso considerar nossa herança cultural menos importante que a deles", disse Jecinaldo Satere Mawe, coordenador-chefe da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Vários grupos indígenas escreveram uma carta para o papa na semana passada pedindo o apoio dele na defesa de suas terras e de sua cultura. Eles disseram que os índios vêm sofrendo um "processo de genocídio" desde a chegada dos colonizadores europeus.

Os conquistadores contavam com a bênção dos sacerdotes católicos, embora alguns destes depois tenham defendido os índios e muitos hoje estão entre os mais eloquentes aliados dos índios.

"O Estado usou a Igreja para fazer o trabalho sujo na colonização dos índios, mas eles já pediram perdão ... quer dizer que o papa está voltando atrás com a palavra da Igreja?", questionou Dionito José de Souza, líder da tribo Makuxi, de Roraima.

Em 1992, o papa João Paulo 2o falou dos erros na evangelização dos povos nativos das Américas.

As declarações do papa Bento 16 não desagradaram só aos índios, mas também aos padres católicos que os apóiam em sua luta, disse Sandro Tuxa, que comanda o movimento das tribos do Nordeste.

"Repudiamos as declarações do papa. Dizer que a dizimação cultural de nosso povo representa uma purificação é ofensivo e, francamente, assustador", disse Tuxa.

"Acho que (o papa) tem sido mal assessorado", acrescentou.

O próprio grupo católico que defende os índios no Brasil, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), distanciou-se do papa. "O papa não entende a realidade dos índios daqui, sua declaração foi equivocada e indefensável", disse à Reuters o padre Paulo Suess. "Eu também fiquei aborrecido".





Fonte: Reuters

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