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Politica Brasil
Quinta - 10 de Maio de 2007 às 19:25

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BRASÍLIA - Em pouco mais de três meses de mandato, o deputado Clodovil Hernandez (PTC-SP) já é alvo pela terceira vez de processo na corregedoria da Câmara. Todos eles por declarações polêmicas que têm caracterizado as ações do estilista e apresentador de programa de TV que se tornou parlamentar com 500 mil votos sem nenhuma história política, como ele mesmo ressalta.

Nesta quinta-feira, a deputada Cida Diogo (PT-RJ) protocolou uma representação contra Clodovil, com o apoio de cem parlamentares, por ele ter afirmado em seu programa de televisão, há cerca de 15 dias, que "as mulheres hoje em dia trabalham deitadas e descansam em pé".

A desavença entre Clodovil e a deputada Cida Diogo (PT-RJ), que deixou a deputada em lágrimas por ter sido chamada de "feia" e chegou a paralisar a votação no plenário na quarta-feira, poderá resultar em uma censura verbal ou escrita ao deputado.

Cida Diogo recebeu flores e foi escolhida a coordenadora da frente parlamentar GLBT - Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) pediu a expulsão de CLodovil da frente. Ele, que é assumidamente homossexual, diz que não integra essa frente.

"Ele é uma pessoa extremamente insensível, arrogante e que não tem respeito por nada. Ele se sente o centro do mundo e o que está em torno dele é só cenário", afirmou Cida Diogo. Ela disse que se arrependeu de ter chorado no plenário - "tenho ódio quando choro em público"-, mas que foi uma reação impulsiva.

"Não pensei em nada. Foi uma coisa automática. A indignação foi tão grande que não conseguia parar de chorar e tive uma atitude de pedir ajuda". A deputada contou assim o que ouviu de Clodovil: "Minha senhora, aquele comentário eu fiz para as mulheres bonitas e a senhora é feia que nem para ser ´puta´ serve".



Clodovil diz que foi cruel "Essa coitada é manipulada pelo partido dela", disse Clodovil, que reconhece ter sido cruel, mas que não pretende se retratar. "Eu fui muito antipático, mas falei distanciadamente. Foi horrível, eu sei. Sei que fui cruel, mas cruel falando. Só isso. Não a agredi", disse Clodovil. "Olhe para minha cara. Você acha que combina com a minha figura dizer um palavrão desse tamanho dentro da Casa que eu respeito?".

Na versão de Clodovil, ele a procurou para se explicar: "Eu disse que as mulheres estão ordinárias, não têm mais respeito por elas mesmas. Isso é plural. Agora, se a pessoa vestiu a carapuça, vestiu porque quis. Se ela fosse uma mulher bonita, esplendorosa, ela poderia se sentir vilipendiada porque isso induz a esse tipo de raciocínio. Mas o seu caso é exatamente o oposto", afirmou Clodovil, relatando o que disse à deputada.

"Eu nem cheguei dizer que ela era feia. Agora é evidente que eu estava dizendo isso no subtexto. Eu não tenho o direito de achar uma pessoa feia ou bonita?", procurou se defender.

A corregedoria da Câmara propôs o arquivamento dos dois primeiros processos contra Clodovil com o argumento de que os fatos ocorreram quando ele ainda não tinha sido diplomado deputado. O primeiro processo foi referente à declaração feita na Argentina de que ele poderia considerar a hipótese de apoiar um projeto desde que recebesse um pagamento que não fosse de pequeno. O processo, de iniciativa do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), foi arquivado pela Mesa ainda na presidência de Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

A Mesa, presidida por Arlindo Chinaglia (PT-SP), adiou o julgamento do segundo processo temendo repercussão política negativa. O parecer do corregedor, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), é pelo arquivamento. Dessa vez, Clodovil teria ofendido a comunidade judaica também em entrevista.




Fonte: Estadão

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