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Nacional
Segunda - 07 de Maio de 2007 às 16:50
Por: Michele Gouvêa

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O alcoolismo entre os índios há muito é uma realidade que preocupa as lideranças. Isso porque além da embriaguez, o consumo excessivo de álcool favorece a ocorrência de drogas, suicídio e prostituição em áreas indígenas. Dentre as causas mais prováveis para os distúrbios provocados pela bebida alcoólica estão a proximidade com as sedes municipais, o preço baixo da bebida, geralmente cachaça, e o choque de culturas do índio com a do não-índio.

Acostumados com o consumo de bebidas fermentadas como caxiri e tarubá - ambos produzidos a partir da fermentação de um preparado a base de mandioca – em eventos ou rituais tradicionais, os índios se vêem atraídos com a possibilidade de entorpecimento sem que haja a necessidade de subterfúgios para tal. Com isso, migram para municípios próximos ou assentamentos em busca de meios para alimentar o vício já instalado.

Segundo o coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Barbosa, além do choque de culturas, a ausência de alternativas econômicas e de infra-estrutura adequada nas áreas indígenas também motivam o consumo excessivo de álcool. Somando-se a isso ainda há, em áreas de fronteira, a influência sobre os indígenas de membros do Exército Brasileiro, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e comerciantes que adentram as comunidades indígenas.

“Nos territórios indígenas há muita deficiência em todos os aspectos, falta educação, saúde e alternativas econômicas de qualidade. A ociosidade, aliada à esperança de que a vida fora da comunidade seja melhor, faz com muitos se aventurem e nesse processo se envolvam com o alcoolismo. Muitas vezes, esse é o primeiro passo para que se envolvam também em outras situações que colocam em risco sua integridade física e moral”, falou.

Entre os mais vulneráveis e conseqüentemente, mais atingidos pelo álcool, conforme Jecinaldo, estão as crianças, os jovens e as mulheres. Eles se desestruturam mais facilmente em virtude da baixa idade, da imaturidade e por encontrarem-se em uma estrutura social tipicamente machista, que não permite às mulheres se oporem ou questionarem o comando maior da tribo.





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