Alcoolismo ameaça indígenas do Brasil
Acostumados com o consumo de bebidas fermentadas como caxiri e tarubá - ambos produzidos a partir da fermentação de um preparado a base de mandioca – em eventos ou rituais tradicionais, os índios se vêem atraídos com a possibilidade de entorpecimento sem que haja a necessidade de subterfúgios para tal. Com isso, migram para municípios próximos ou assentamentos em busca de meios para alimentar o vício já instalado.
Segundo o coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Barbosa, além do choque de culturas, a ausência de alternativas econômicas e de infra-estrutura adequada nas áreas indígenas também motivam o consumo excessivo de álcool. Somando-se a isso ainda há, em áreas de fronteira, a influência sobre os indígenas de membros do Exército Brasileiro, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e comerciantes que adentram as comunidades indígenas.
“Nos territórios indígenas há muita deficiência em todos os aspectos, falta educação, saúde e alternativas econômicas de qualidade. A ociosidade, aliada à esperança de que a vida fora da comunidade seja melhor, faz com muitos se aventurem e nesse processo se envolvam com o alcoolismo. Muitas vezes, esse é o primeiro passo para que se envolvam também em outras situações que colocam em risco sua integridade física e moral”, falou.
Entre os mais vulneráveis e conseqüentemente, mais atingidos pelo álcool, conforme Jecinaldo, estão as crianças, os jovens e as mulheres. Eles se desestruturam mais facilmente em virtude da baixa idade, da imaturidade e por encontrarem-se em uma estrutura social tipicamente machista, que não permite às mulheres se oporem ou questionarem o comando maior da tribo.
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