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Politica Brasil
Segunda - 07 de Maio de 2007 às 09:45
Por: Onofre Ribeiro

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Governos precisam de executores e de pensadores. Os dois se completam, porque os pensadores vêm primeiro gerando as idéias que virarão planos e projetos, seguidos dos executores, que realizarão as ações.

Os governos Dante de Oliveira (1995-2002) e Blairo Maggi (a partir de 2003), guardam curiosas semelhanças. Em 1995 Dante assumiu trazendo na mala uma imensa carga de ideais e de projetos sociais acumulados na militância de esquerda. Mas a situação não permitiu. O estado devia 3 em cada 1 real arrecadado, fora as dívidas vencidas com o Tesouro Nacional. Nessa condição, seus pensadores, que predominavam sobre os executores, vinham dessa formatação ideológica de gestão. E foi essa equipe de pensadores quem conduziu a reforma do Estado, com o ajuste fiscal, etc. Isso consumiu os quatro anos do governo. A sociedade entendeu a situação e avalizou Dante para a reeleição, apesar dele ter disputado com o senador Júlio Campos, um reconhecido e respeitado executor de obras quando foi governador (1983-1986).

No segundo governo, a sociedade esperou de Dante as ações objetivas de obras. Elas não vieram. O governador jogou toda a força na atração de investimentos novos para Mato Grosso. A equipe continuou agindo como pensadores e muito pouco como executores. A sociedade frustrou-se e não elegeu seu candidato a governador e, tampouco, o elegeu senador.

Com o governador Blairo Maggi acontece exatamente o contrário. O seu primeiro governo foi de executores e de pouquíssimos pensadores. Ele, de certo modo, preencheu o vazio de execuções deixado por Dante de Oliveira. Nesta semana, durante o velório do amigo comum, Epaminondas Conceição, conversei com o ex-presidente do Detran, Moisés Sachetti, um dos raros pensadores do governo. Ele deixou o cargo e está preocupado achando que o segundo governo Maggi precisa de um brilho. De fato, precisa mesmo!

Uma vez feitas obras no primeiro mandato, Maggi enfrenta agora a construção de uma filosofia para encerrar seu mandato, para consolidar e fazer avançar um modelo de gestão moderna no Estado, iniciada pelo seu antecessor. Mas isso não se faz só com executores de obras. Agora ele precisa pensar e repensar a primeira gestão para construir um projeto eficiente e adequado durante a segunda gestão.

Por exemplo, quais serão as metas do segundo governo, além de executar obras? A educação, a saúde, o emprego, a cidadania, etc? Definir isso é trabalho de pensadores que avaliem passado, presente e projetem o futuro. Quer dizer, Maggi está enfrentando no segundo mandato, o que Dante enfrentou no primeiro. O governador corre o mesmo risco de ser incompreendido. Sem contar, que ele precisa construir a transição de sua administração, sob pena de que se volte ao governismo que a sociedade já condenou lá atrás.

Definitivamente, Sachetti está correto: o segundo governo Maggi precisa ter a componente do pensamento filosófico, intelectual e político para consolidar a sua passagem pelo governo e avançar o modelo novo de gestão, de política e de economia. E para ter brilho!

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br





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