Oposição quer CPI do Apagão Aéreo no Senado

A primeira reunião da CPI do Apagão Aéreo na Câmara, marcada pelo domínio do governo, enfatiza a necessidade de uma outra CPI no Senado. Esta é a avaliação feita pelos líderes oposicionistas. Para eles, a eleição de Marcelo Castro (PMDB-PI) para a presidência e Marco Maia (PT-RS) para a relatoria é uma amostra de como serão as investigações na Casa. Eles levam em conta também os números de membros da Comissão desfavorável: 15 do governo e apenas 9 da oposição.

Para o líder do Democratas (ex-PFL), Onyx Lorenzoni (RS), apesar de a instalação na Câmara ter sido importante, uma CPI no Senado se faz imprescindível. "O ato de quinta (da instalação) foi muito importante, para mostrar o direito da minoria de investigar, mas acho que a CPI no Senado vai ser mais eficiente", diz.

Para Heráclito Fortes (DEM-PI), a primeira reunião da Câmara mostrou que a investigação já começou mal. Na opinião do senador, o mais importante da comissão é saber as causas e apontar soluções para o caos aéreo, não apenas se focar no acidente da Gol - o que em sua opinião acontecerá na Câmara.

"A população não vai aceitar uma CPI em que já sabe onde vai dar: em nada. O que tem que apurar é o foco principal da crise. O episódio da Gol, apesar de ser tecnicamente importante, é uma situação específica, não se pode achar que apenas com isso vamos resolver questões futuras. Aqui no Senado, no entanto, o rumo das investigações será diferente", disse.

Os líderes do governo, por sua vez, insistem na tese de que não há necessidade de duas CPIs. O líder José Múcio (PTB-PE) confia que as investigações na Câmara irão a fundo no problema aéreo e que os deputados terão isenção para apurar o que for necessário.

"Tenho absoluta certeza de que a sociedade quer esclarecimentos e os deputados estão prontos para fazer isso. O meio receio é que duas CPIs atrapalhem as votações importantes para o país nos Plenários. Isso não pode acontecer", afirmou.

Na Câmara, a segunda reunião da CPI acontece já nesta terça-feira. No Senado, os líderes têm prazo até o próximo dia 15 para indicar os parlamentares. Os Democratas indicaram como titulares os senadores Demóstenes Torres (GO), Antonio Carlos Magalhães (BA) e José Agripino (RN). Como suplente foi indicado o senador Raimundo Colombo (SC). O PSDB escolheu os senadores Sérgio Guerra (PE) e Mário Couto (PA) como titulares e os senadores Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio (AM) como suplentes. A base do governo ainda não fez suas indicações.

Requerimentos

Um dia após ser instalada, a CPI da Câmara já conta com 30 requerimentos. A maioria deles trata de pedidos referentes ao acidente da Gol - em uma demonstração do que deve ser o foco principal das investigações na casa.

Na lista de requerimentos estão pedidos de convocação de controladores presentes no dia da tragédia, do delegado Renato Sayão, responsável pelo inquérito na Polícia Federal, e de Rufino Antônio da Silva Ferreira, presidente da comissão criada pela Aeronáutica para investigar a tragédia com o avião da Gol. Os deputados pedem também informações sobre o assunto ao Tribunal de Contas da União (TCU).

O relator Marco Maia já informou que deve começar os trabalhos pelas investigações já existente sobre o acidente para depois traçar outras estratégias. Mas há pedidos de depoimentos também, por exemplo, do presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, Wellington Rodrigues, do presidente da Infraero, José Carlos Pereira, e do presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.

Dentre os 30 requerimentos também há um que chama a atenção, o pedido de convocação do astronauta brasileiro Marcos Pontes. Na sua justificativa, o autor do requerimento, deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG) diz que, "embora seja o primeiro brasileiro a subir ao espaço, (o astronauta) enfrentou uma espera de longas horas no aeroporo Juscelino Kubitschek, em Brasília". E diz que ele poderia ajudar a CPI com "seu profundo conhecimento na área da aviação".