Amenizar efeito estufa custa 3% do PIB mundial, diz relatório
Segundo os cientistas, para minimizar os efeitos do aquecimento, o aumento de temperatura em todo mundo precisa ser mantido no limite de 2º C neste século.
No entanto, para essa meta seja alcançada com esse custo, os países do mundo precisariam adotar rapidamente tecnologias que diminuam a emissão dos gases do efeito estufa – aumentando o uso de biocombustíveis e de energia nuclear, por exemplo.
O relatório também, pela primeira vez, diz que as pessoas individualmente podem ter impacto na diminuição das emissões de gases prejudiciais, por meio de mudanças em seus estilos de vida.
“As pessoas precisam estar dispostas a mudar, a se preparar para mudar, porque para que possamos resolver o problema das mudanças climáticas, nós temos que mudar a forma como fazemos as coisas”, disse à BBC Ogundale Davidson, co-presidente do grupo do IPCC responsável pela redação do documento.
Combustíveis
A presença de gases do efeito estufa na atmosfera já aumentou 70% desde 1970 e deve aumentar entre 25% e 90% nos próximos 25 anos se nada for feito, alertaram os cientistas.
A concentração atual está em torno de 425 ppm (partes por milhão), e a "estabilização" de emissões abaixo de 450 ppm seria necessária para que o aumento médio na temperatura da Terra fique abaixo de 2º C.
O relatório reconhece que combustíveis fósseis devem continuar a ser a principal fonte de energia do planeta até depois de 2030 e prevê que em virtude disso as emissões de dióxido de carbono para uso energético no período entre 2000 e 2030 podem crescer entre 45% e 110%.
O documento menciona que entre dois terços e três quartos do aumento das emissões deve vir dos países em desenvolvimento, porém os níveis de emissões per capita continuarão baixos, se comparados aos dos países ricos.
Referência
O documento serve de base para a criação de novas políticas de proteção ao meio ambiente que devem ser desenvolvidas nas próximas conferências da ONU.
Nas 35 páginas do sumário do relatório estão resumidas tendências das emissões de gases, custos de mitigação a médio e longo prazo, políticas de contenção e maneiras de desenvolvimento sustentável.
"O relatório é brilhante e vai influenciar os tomadores de decisão, quando eles se reunirem em Bali em dezembro", disse Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, se referindo ao 13º encontro da Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas.
O documento de Bangcoc é a terceira parte de um extenso levantamento que estima a extensão do problema do aquecimento global e sugere soluções.
A primeira parte do relatório anual foi divulgada em Paris em janeiro e concluiu que o fenômeno do aquecimento global é de fato causado pelo homem. A segunda parte abordou os impactos das mudanças climáticas e foi divulgado em Bruxelas no começo do ano.
Em novembro, os delegados devem se reunir novamente, desta vez em Valência, na Espanha, para compilar as três partes do relatório em um documento final sintetizando as principais conclusões do IPCC.
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