Prestação de contas da prefeitura de Cuiabá apresenta contrariedades, diz Lúdio
Entre as irregularidades, o oposicionista citou os gastos com a Educação. De acordo com um primeiro relatório ao qual Cabral teve acesso, os 25% da receita resultantes de impostos só foram alcançados devido a incorporações de consignações de exercícios anteriores às despesas do ano. “No primeiro relatório, a prefeitura disse que gastou pouco mais de R$ 74,7 milhões, o que representa 24,73% sobre a receita segundo os cálculos do TCE”, afirmou.
Conforme os dados apresentados por Cabral, a prefeitura teria apresentado, em seguida, uma defesa em que incorporava consignações ao valor e representava uma diferença de R$ 613 mil, correspondente ao exercício anterior, ou seja, gastos ocorridos na gestão do ex-prefeito e atual deputado estadual Roberto França (PR). Mesmo assim, segundo o vereador, o percentual aplicado no ensino alcançava 24,79%.
“Já no relatório final, surge um novo valor: R$ 2,1 milhões que proporcionou o alcance de 25,42%. De onde veio esse dinheiro, já que a própria prefeitura não havia mencionado o valor na defesa?”, questionou Lúdio, que ainda apontou falhas quanto à aplicação de recursos no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).
A contratação de empresas que prestam serviços de publicidade foi outro ponto observado. Foram R$ 1,125 milhão para o exercício de 2005 e R$ 1,750 milhão em 2006 pagos à Genius Publicidade em contrato que necessitou de alteração em edital para que a empresa pudesse concorrer à licitação.
A Planam Indústria, Comércio e Representação Ltda também é citada no relatório. A firma, que ficou conhecida após o episódio dos sanguessugas, foi contratada pela prefeitura por “ter apresentado menor preço”. Contudo, segundo o vereador, a proposta da empresa foi de R$ 129,7 mil, valor além da estimativa apresentada pela administração municipal de R$ 126 mil. “No entanto, ela não foi desclassificada pela Comissão de Licitação”, disse o vereador, e o serviço foi fechado em R$ 126 mil. O vereador petista ainda questionou o processo de licitação da Jaime Lerner Arquitetos Associados Ltda, cujos serviços custaram R$ 400 mil aos cofres públicos.
Na sessão desta quinta-feira, Cabral comentou os erros nos 76 serviços contratados pela Secretaria Municipal de Infra-Estrutura, cuja análise do TCE apontou ausência da assinatura do prefeito e do secretário da época, Andelson Gil do Amaral, do contratado e discriminação do valor, entre outros fatores.
Na lista de irregularidades aparecem também licitação sem saldo orçamentário suficiente, alterações de edital sem divulgação através da imprensa oficial, veículos irregulares perante o Departamento de Trânsito (Detran), entre outros.
A exposição foi considerada pela bancada governista como “análise política”. O vereador Dilemário Alencar (PSB) afirmou que Cabral está “de olho nas eleições de 2008”. “O Lúdio precisa estudar um pouco mais contabilidade. O debate tem que ser técnico, mas a oposição levou para o lado político. Para eles (oposição), o prefeito Wilson Santos pode pintar um quadro de verde que eles vão dizer que é preto”, concluiu.
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