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Nacional
Quinta - 03 de Maio de 2007 às 16:41

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A violência é um dos maiores problemas enfrentados atualmente pela sociedade brasileira. De acordo com o último levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, o homicídio é a principal causa de morte no Brasil. Além do desrespeito contra o ser humano, a brutalidade que apavora o cidadão brasileiro também prejudica a economia do país. Do ponto de vista econômico, cada vítima da violência significa perda de investimentos em capital humano e de capacidade produtiva. De acordo com pesquisa divulgada esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só em 2001, as mortes causadas por fatores externos, geraram uma perda de R$ 20,1 bilhões à economia brasileira.

Com o objetivo de fornecer bases para a melhoria das políticas públicas, o estudo "Custos das Mortes por Causas Externas no Brasil" estima o custo social gerado ao país com a perda de capital humano. A partir da base de dados de renda dos trabalhadores (IBGE) e dos levantamentos de óbitos do Ministério da Saúde, a pesquisa calculou o valor total dos rendimentos que os indivíduos receberiam caso continuassem vivos nos próximos anos de vida produtiva (dos 15 aos 65 anos). A pesquisa foi feita em conjunto por três pesquisadores do Ipea e um da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence/IBGE).

Para se ter uma idéia do prejuízo anual gerado pela violência, o custo resultante das mortes em 2001 é quase quatro vezes maior do que a totalidade dos gastos globais do Ministério da Justiça no ano passado, órgão responsável por partes das políticas nacionais de segurança no país. Os óbitos registrados resultaram em um total de 4,96 milhões de anos de vida perdidos. No período analisado pelos pesquisadores só as mortes por agressões (homicídios), geraram um prejuízo de R$ 9,1 bilhões, só em termos de perda de produtividade humana. O valor supera, por exemplo, o orçamento deste ano previsto para o Ministério da Integração Nacional.

Nos últimos 25 anos o número de registros de homicídios no Brasil apresentou um aumento médio anual de 5,6%, o que posicionou o país entre os mais violentos do planeta, com uma taxa de 28 homicídios para cada 100 mil habitantes. Nesse período, ocorreram 794 mil assassinatos. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, que data de 2004, durante o período foram registradas mais de 48 mil mortes por agressão em todo o Brasil.

Segunda maior causa de mortes no país, os acidentes de trânsito aumentaram 9% em três anos, matando 35.753 apenas em 2005. De acordo com a pesquisa do Ipea, os custos oriundos dos óbitos resultantes da imprudência nas estradas superam os R$ 5 bilhões. As causas das preocupantes estatísticas estão relacionadas sobretudo ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, alta velocidade, não uso de capacetes ou de cinto de segurança e problemas na infra-estrutura de rodovias e vias públicas.

Outro fator que gera preocupação são os suicídios, que embora representem um número significativo de mortes, “parecem se tratar de uma questão invisível socialmente no Brasil”, como salientam os autores da pesquisa. Cerca de 7.800 pessoas se suicidam por ano. “Ainda que a magnitude dessas ocorrências seja bastante inferior aos homicídios e acidentes de transporte, pouco se discute este problema”, ressaltam os pesquisadores.

Desde 1990, o número de suicídios cresceu 59,2% superando inclusive o crescimento dos homicídios (55,2%) e dos acidentes de transporte (17%), indicando tratar-se de um problema sério de saúde pública, para o qual não há política clara. A perda de capital produtivo hmano oriunda das mortes dessa natureza ocorridas em 2001 chegou a R$ 1,3 bilhão.

Os pesquisadores também calcularam as perdas médias de produção por vítima da violência em 2001. Nesse caso, os homicídios apresentam as maiores médias: R$ 189,5 mil para o ano de 2001. Já a perda média por vítima de acidentes de transporte gerou uma perda de produção média de R$ 172 mil. A perda individual resultante das mortes por homicídios, segundo a pesquisa, é maior pelo fato das vítimas serem de faixas etárias mais baixas e predominantemente do sexo masculino (com rendimentos de trabalho mais altos). Isso sem contar que a maior parte delas reside nas áreas urbanas, onde a renda tende a ser maior.

Além dos custos resultantes de perda de capital humano, os pesquisadores destacam que outros prejuízos sociais decorrentes da violência no Brasil precisam ser estimados. “Do ponto de vista da demanda, por exemplo, o medo, a dor e o sofrimento mudam o comportamento, fazem diminuir a demanda por determinados bens e serviços e geram perdas patrimoniais nos mercados imobiliários localizados em regiões com maior prevalência de incidentes violentos”, ressaltam os estudiosos. Segundo eles, entender precisamente as conseqüências e os custos da violência no Brasil é uma questão crucial tanto para o balizamento de políticas públicas de saúde e de segurança, quanto para a melhor aplicação dos recursos públicos.





Fonte: Contas Abertas

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