Denúncia compromete pré-candidatura de Jaime
Recém-empossado senador após sair das urnas do ano passado com 781.182 votos (61,1% dos válidos), Jaime pode ver comprometido o sonho de disputar o governo do Estado em 2010 devido à Operação Lacracia. Com repercussão nacional, a denúncia começa a trazer desgaste político. Jaime Campos já comandou o Estado (91/94) e foi prefeito de Várzea Grande por três mandatos.
Uma das principais lideranças dos Democratas, o ex-peelista vinha ensaiando até ruptura com o governo Blairo Maggi (PR), já que não tem espaço no grupo da turma da botina para viabilizar a candidatura majoritária.
De acordo com a Polícia Federal, funcionários de cartórios falsificavam e forjavam registros e títulos de propriedades rurais, que posteriormente eram usados na obtenção de empréstimos e financiamentos bancários por "clientes" do bando. O Ministério Público Federal em Mato Grosso suspeita que o senador tenha agido em defesa da ex-tabeliã Helena Jacarandá, que está presa. Ela tinha sido afastada do Cartório de Registro de Imóveis de Barra do Garças e, segundo as investigações, fora reconduzida ao posto graças a interferência do senador democrata junto ao Superior Tribunal de Justiça.
No pedido de investigação contra Jaime encaminhado ao juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal, o procurador da República Mário Lúcio Avelar afirma que o senador "supostamente promove os interesses da organização criminosa junto a elevadas instâncias do poder público, mormente perante o Superior Tribunal de Justiça, a fim de restabelecer a investigada Helena Jacarandá à frente do cartório de registros de imóveis de Barra do Garças".
O diálogo
Avelar transcreve um pequeno trecho diálogo em que o nome do senador é citado pelas corretoras de imóveis Lucélia Parreira e Maria de Lourdes Dias Guimarães. Segundo o MPF, Lucélia era braço direito de Helena Jacarandá, e Maria de Lourdes, sua ex-funcionária. Maria de Lourdes afirma, no diálogo: "Qual será que foi o político forte que (interrompida)." "O Julio Campos", diz Lucélia. "Ahn?", fala Maria de Lourdes. "O Jayme Campos, que ele é senador. (...) Ele que conseguiu", responde Lucélia.
A PF descobriu, durante os nove meses de investigação, que a organização promovia fraudes em cartórios de registro de imóveis em Barra do Garças e Água Boa (ambos em MT) e e Baliza (GO). A maioria das escrituras era propriedade da União ou não existia. Mesmo assim servia de garantia na obtenção de empréstimos por "clientes da quadrilha", de acordo com a PF.
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