Aquecimento muda vida no Ártico, dizem habitantes

Os caçadores inuits - nome dado a grupos que vivem no Ártico - afirmam que já estão sentindo os efeitos do aquecimento global. Segundo eles, muitos homens caem nas finas camadas de gelo e acabam morrendo, golfinhos estão sendo vistos pela primeira vez na região e não há neve suficiente para a construção de iglus, que os protegem contra o frio no período de caça.

Exploradores e caçadores que se locomovem pelo norte do Canadá e pelo Ártico a pé ou usando trenós contam os problemas que enfrentam no dia-a-dia devido aos efeitos da mudança climática. "Este é realmente o marco zero para o aquecimento global", disse o americano Will Steger, 62 anos, que viaja pela região há 43 anos e testemunha os impactos do clima em 155 mil indígenas que vivem no Ártico.

"Este é o lugar onde uma cultura viveu durante 5 mil anos, contando com um ecossistema muito delicado totalmente interligado, que agora está sendo destruído aos poucos", disse Steger. Ele fez sua primeira viagem ao Pólo Norte em 1986 e agora percorre um local chamado Baffin Island com a ajuda de guias inuits. A viagem, prevista para durar três meses, tem o apoio de huskies - animais usados para puxar trenós - e um câmera, que registra a jornada.

O objetivo da viagem é fazer um documentário sobre como os caçadores inuits estão sendo forçados a se adaptar ao aquecimento do Oceano Ártico e o derretimento das geleiras. Em junho, ele falará a respeito de seu trabalho diante de um comitê do Senado americano sobre mudança climática.

Por onde passa, Steger afirma que ouve sempre os mesmos relatos entre os caçadores. Animais nunca vistos antes na região agora já podem ser encontrados, como os golfinhos, e caçar se tornou uma atividade extremamente perigosa. "Todas essas vilas já perderam pessoas no gelo. Quando você tem uma vila com 300 ou 400 moradores, a morte de três ou quatro de seus mais experientes caçadores é uma grande perda", disse Steger.