Deputada sugere que delegado seja morto
A conversa ocorreu no dia 31 de outubro, quando Maggessi já havia sido eleita, mas não tinha tomado posse. Ela conversava com o policial civil Hélio Machado, o Helinho, um dos inspetores presos no final do ano passado pela Polícia Federal na operação Gladiador.
Ele é acusado de oferecer proteção a uma das máfias de caça-níquel do Estado, junto com o ex-chefe da Polícia Civil, o deputado estadual Álvaro Lins (PMDB), e mais dois inspetores, com quem formaria o grupo dos "inhos" --referência aos apelidos no diminutivo. As escutas fazem parte da investigação da PF.
Os dois conversavam sobre o delegado Alexandre Neto, lotado na delegacia Anti-Seqüestro. A deputada aponta Neto como o responsável pelo vazamento de informações sobre as investigações da Polícia Federal em relação ao grupo de policiais supostamente envolvidos com a máfia de caça-níqueis.
"Tá meio embaçado. Muita fofocada. (...) O tal do Alexandre Neto. (...) Ele está alegando o negócio do desenvolvimento do Dr. Álvaro, o patrimônio dele. Aí cita os "Inhos", entendeu?", comenta Helinho.
"Todo envolvido com sacanagem. Você não deu um soco na cara dele, não?", sugere a deputada Maggessi.
"Como é que eu vou dar, prima? Agora quem tem que fazer barulho em cima dele e mostrar... Quem ele é, entendeu? A verdade é essa", respondeu o inspetor. "Trabalho é um monte de tiros nos cornos dele, isso sim.. Trabalho..", retruca Maggessi.
Para Neto, a deputada "quebrou pilares da polícia, como hierarquia e disciplina". "O que ela fez foi uma insubordinação. Ela era policial civil quando fez a declaração e foi eleita nesta condição. E ainda reafirma a vontade de me matar". Decoro
A deputada afirmou que não pretende matar o delegado, mas tem "vontade". "Eu nunca mataria, mas tenho vontade. Isso não é crime", afirmou Maggessi.
Ela disse ainda que não teme uma representação no Conselho de Ética da Câmara. Para a deputada, "quebra de decoro é essa gravação, a minha intimidade no meu telefone".
O vice-presidente do Conselho de Ética, Nelson Trad, afirmou que as declarações da deputada não "tipificariam" nenhuma representação contra ela. No entanto, ele ressaltou que o comportamento da deputada "é incompatível com o decoro parlamentar".
"Infelizmente este tratamento denota uma incontinência verbal de uma autoridade policial que deixa em dúvida a atuação como parlamentar", afirmou Trad.
Outro lado
A deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ) afirmou que "nunca mataria ninguém", mas confirmou a "vontade" de matar o delegado Alexandre Neto. Para ela, isso não é ilegal.
"Estava conversando com um amigo querido [Helinho]. Se eu falasse isso em público era uma coisa, mas falei na minha privacidade. Todo mundo fala isso. Todo mundo tem vontade que alguém morra. Isso não é ilegal", argumentou.
Ela nega, porém, que estivesse sugerindo ao inspetor Hélio Machado, o Helinho, que o delegado Alexandre Neto fosse morto. "Se quisesse matar ele, agora não teria nem caveira dele."
Sobre o suposto "envolvimento com sacanagem" do delegado, Marina disse que não seria "leviana" em falar algo que não pode provar.
Ela reclamou de um suposto comentário que o delegado teria feito a ela quando Maggessi fora visitar Helinho na prisão. "Ele perguntou se eu ia levar minha equipe [de policiais] para trabalhar comigo em Brasília, rindo. Ele é todo debochado."
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