Aquecimento global: a ameaça que vem do mar
Os cientistas reunidos pela ONU prevêem que o mar suba, em média, entre 18 cm e 59 cm no mundo até o final do século. Na Espanha, o recuo das praias será causado, entre outras coisas, pela própria configuração do litoral do país. Além disso, o sudeste espanhol sofrerá redução de até 40% em seu nível de chuva.
A alta no nível das águas prevista pelo ministério afetaria sobretudo as águas do Mediterrâneo, consideradas as mais vulneráveis do país, mas incidiria em menor medida sobre a costa atlântica andaluza. As áreas mais expostas seriam, naturalmente, as regiões baixas e os deltas de rios como o Ebro e o Gata, nas quais, além da erosão costeira, a dinâmica do mar também exerce influência, condicionada pelas mudanças de direção das correntes e na força das marés.
Não apenas as praias estão em jogo, mas diversos tipos de infra-estrutura, especialmente a portuária, que terão de ser reforçadas com diques e outras formas de proteção. As tendências previstas confirmam as projeções dos estudos sobre o aquecimento global. No final do século, a temperatura máxima anual deve subir entre 4°C e 7°C na maioria da Espanha, ante a média atual, caso se dupliquem as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, como prevê o estudo do IPCC.
O Ministério do Meio Ambiente afirma que o aquecimento é inevitável, e que a Espanha e o sul da Europa sairão perdendo mais que outras regiões com o impacto desse fenômeno, vinculado diretamente à emissão de gases do efeito-estufa.
O capítulo do relatório do IPCC sobre a Europa sinaliza, além disso, que no sul da Europa o aquecimento global reduzirá em duas ou três semanas por ano o período de uso de sistemas de calefação, e elevará em cinco semanas anuais o período médio de uso de ar-condicionado. Além disso, o número de turistas que visitam o país no verão deve cair, ainda que o total deva aumentar no outono e primavera.
Diante dessa situação, a ministra espanhola Cristina Narbona, do Meio Ambiente, alertou que o modelo turístico do litoral espanhol está em risco devido às alterações climáticas, e que é "preciso corrigir" os problemas. A ministra apontou que o governo está tomando medidas, como o estímulo ao uso de fontes de energia renovável, a melhora da eficiência energética e a adoção de um plano nacional de adaptação às alterações climáticas.
O ministério supervisiona a estratégia nacional quanto às alterações climáticas, que recebeu duras críticas de alguns governos locais e grupos ecológicos, os quais classificam o plano do Ministério do Meio Ambiente como uma compilação de boas intenções, com poucas medidas concretas realmente ambiciosas. Uma reunião do gabinete espanhol marcada para breve concentra as esperanças dos ecologistas quanto a elevar o interesse político no combate aos efeitos das alterações climáticas.
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