Estoques de soja surpreendem o mercado

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nessa terça-feira seu relatório da safra mundial de grãos, projetando uma produção total de 1,9 bilhões de toneladas, volume 1,62% inferior à temporada passada. Os números absolutos desta safra já eram esperados pelo mercado, mas os dados dos estoques mundiais de soja surpreenderam.

Segundo o relatório, os estoques mundiais de soja serão recordes, superiores à safra brasileira da oleaginosa. O USDA projetou um estoque de 61,02 milhões de toneladas, 13,44% superior ao da temporada passada - enquanto o Brasil deve produzir 58,80 milhões de toneladas. Apesar de o volume ser 1,8 milhão de toneladas maior que o estimado em março, está dentro das expectativas do setor - a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, projeta 57,9 milhões de toneladas.

Segundo Renato Sayeg, da Tetras Corretora, o mercado esperava um estoque de, no máximo, 58 milhões de toneladas. Na sua avaliação, o estoque maior é resultado da mudança na produção de soja da temporada passada, revista pelo Usda de 55 para 57 milhões de toneladas. Os dados do departamento indicam também uma produção mundial recorde da oleaginosa: 233,4 milhões de toneladas, volume 6,16% superior à temporada passada.

Revisões

Em relação ao relatório de março, o USDA aumentou a produção mundial de grãos em 9,63 milhões de toneladas que vieram, substancialmente do trigo - 1,39 milhões de toneladas a mais - e dos grãos forrageiros - 8,14 milhões de toneladas a mais. Segundo a estatal estadunidense, a produção mundial de trigo será de 594,5 milhões de toneladas, 4,29% menor que na temporada passada. Segundo Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, houve revisão no consumo do cereal. O USDA projetou que o consumo de trigo para ração nos Estados Unidos passará de 3,95 milhões de toneladas para 4,63 milhões de toneladas - 17,2% superior ao estimado em março. "O uso do milho para combustível faz o setor procurar outra matéria-prima para a alimentação animal", afirma.

Para o milho, a estatal projetou uma produção mundial de 695,85 milhões de toneladas, levemente superior à passada. Em relação à estimativa de março, o número é 2,7 milhões de toneladas maior. Parte veio do Brasil, cuja projeção é de uma colheita de 49,5 milhões de toneladas - 1,5 milhão a mais que em março e 7,8 milhões de toneladas superiores à safra 2005/06.