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Politica Brasil
Quarta - 11 de Abril de 2007 às 14:08
Por: Wilson Lemos

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Nem chegaram a desarmar o circo, pois o espetáculo, como dizem, não pode parar. Toda a trupe – mágico, malabaristas, bailarinos, atores e palhaços – ficou a postos no picadeiro para dar sequência à função. E nas arquibancadas, com a mesma cara boba, a plebe ignara pronta para mais uma vez aplaudir os espertos saltimbancos e se deixar enganar pelos manjados truques do mágico que não é o de OZ.

Mal saímos de uma campanha, de uma eleição de âmbito nacional e nossos políticos já voltaram a campo e deram início a mais uma corrida ao Poder. A eles pouco importa a gravidade dos problemas que ora afligem o país ou a urgência de soluções concretas para os mesmos. No momento, e já pensando em 2008/10, absorve-os a preocupação em manter o domínio de seus territórios eleitorais, em conquistar novos espaços que lhes garantam a sobrevivência política.

Para tanto, usam os expedientes de sempre: os governistas, o da barganha para aliciar aliados, oferecendo os frutos da Cornucópia oficial em troca do servilismo dos enamorados do Poder, cujo idealismo deixou os corações para se alojar nas barrigas. E estes, que acampam ao redor do Palácio do Planalto e sonham em subir a rampa (mesmo que o façam de quatro), se deixam comprar sem pudor e vendem com a maior desfaçatez sua falsa lealdade mercenária.

Segundo o adágio, quem é coxo parte cedo. E para aqueles que precisam continuar nessa guerra defendendo os seus interesses qualquer buraco é trincheira. Daí essa correria, essa pressa dos chefes e chefetes políticos que procuram abrigo à sombra do Poder ou em legendas mais fortes. Há os que tentam fortalecer seus partidos dando-lhes um novo nome, uma nova fantasia para desfilarem mais à vontade, como fazeram com o PFL que um dia já foi Arena e PDS. Há também aqueles mais sagazes que usam a fusão para construir seus condomínios partidários. Em suma (que me perdoem o substantivo cafona), o que eles querem é tão-somente sobreviver e continuar no jogo. Mesmo usando cartas marcadas.

Aqui mesmo, neste nosso vasto mundo-mato grosso, temos uma mostra dessa engenharia política. Graças aos artifícios da fusão, o recém criado PR surge, em tese, como o maior partido do Estado. Digo em tese, porque somente a cúpula e a vassalagem mais próxima do trono mostram o gigantismo estadual dessa legenda.Resta saber se o fermento da fusão produziu o mesmo efeito na massa anônima das bases. De qualquer maneira, o fato desse novo partido congregar hoje a quase totalidade dos prefeitos mato-grossenses evidencia a sagacidade política do Governador.

Não faz muito, o Rei da Soja mostrou a que veio deixando bem claro o propósito do seu projeto político. Se a nova elite rural já detinha o poder econômico no Estado, por que não tomar de vez o poder político? À sombra amiga do poderio econômico do agronegócio, Blairo Maggi se atirou à tarefa de empalmar o comando da política mato-grossense e logo conseguiu. Surgindo como o novo, mas utilizando métodos antigos, por duas vezes derrotou com facilidade as forças tradicionais da nossa política e passou a dar as cartas.

Hoje o Governador se empenha em ampliar sua influência e abrir novos espaços, pois tem planos de seguir mais longe e voar mais alto. Embora declare não gostar de política, suas ações demonstram que não pretende abandoná-la tão cedo. Mostrando que sabe construir suas circunstâncias, subiu na hora certa no aqui pequeno balão do PPS e, inflando-o, fez dele o Zepelim que o levou duas vezes ao Paiaguás. E mais que pragmático, foi oportunista ao embarcar em tempo hábil na canoa de Lula, garantindo mais quatro anos de parceria com o Governo Federal. O que, além de proveitoso no plano administrativo, certamente facilitará sua pretendida projeção no cenário político nacional.

Em mais um lance estratégico, Blairo repetiu agora o que fez com o PPS: ingressou no Partido da República levando o seu grupo e arrastando consigo dezenas de arrivistas cooptados em outras legendas, o que lhe garante, no posto de cacique, o controle total da nova tribo. À luz dos fatos, será mais que um mero exercício de futurologia deduzir quais os próximos passos do Governador.Tudo sinaliza que manobra para ser o grande eleitor de 2008, com o claro objetivo de construir uma sólida e poderosa base eleitoral que o torne mais forte e lhe permita fazer o sucessor em 2010. Até lá, continuará trabalhando para atingir sua meta mais importante: criar as condições para se tornar um presidenciável. Para quem já subiu duas vezes a colina do Paiaguás e habituou-se às alturas do poder político, só resta mesmo exercer o direito, mais que legítimo, de pretender subir com toda pompa e circunstância a rampa com tapete vermelho do Planalto...

(Wilson Lemos= E-mail: wfelemos@terra.com.br)





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