Maggi diz não se preocupar com possibilidade de intervenção federal
“O Estado é responsável pelo bem-estar social das pessoas e, muitas vezes, temos uma decisão da Justiça (para fazer reintegração de posse) que é tão antiga e não dá mais para o governo se envolver nisso, não é essa a solução. Por exemplo, no caso do Renascer, como tirar 30 mil pessoas? Onde vamos colocá-las?”, indagou Maggi.
Para o governador, o "Comitê Estadual de Acompanhamento de Conflitos Fundiários”, presidido pelo atual secretário-chefe da Casa Civil, deputado João Malheiros (PR), deve negociar os encaminhamentos junto ao Tribunal de Justiça, que quer o cumprimento de uma série de decisões.
Elaborado pelo corregedor-geral do TJ, Orlando Perri, um levantamento parcial apontou que há decisão judicial em aberto desde 2002, conforme informou a comarca de Cotriguaçu. De acordo com o desembargador, o descumprimento de decisões judiciais pode acarretar crime de responsabilidade, desobediência ou prevaricação, além de ação de improbidade administrativa contra os gestores.
“Eu vou pessoalmente me envolver nas negociações e nas conversações para que haja um entendimento. O Estado tem a força e obrigação (de cumprir as decisões), mas pode criar problemas mais graves dos que já estão colocados. Ninguém vai ser irresponsável fazer derramamento de sangue. Não quero ser mártir e nem acusado de provocar qualquer situação desse tipo”, afirmou Maggi.
Enquanto o Tribunal de Justiça aguarda um posicionamento do Estado para avaliar se vai ou não encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça o pedido de intervenção federal, a defesa do empresário Oscar Hermínio vai protocolar mais dois pedidos de providências nesta semana para tratar do caso na região de Sinop.
O objetivo é apurar as responsabilidades do ex-secretário-chefe e atual adjunto da Casa Civil, Antonio Kato, e do governador Blairo Maggi, ambos acusados de crime de desobediência, já que suspenderam reforço policial para cumprimento das ordens judiciais sob a alegação de que as pessoas estão dispostas a derramar sangue para permanecer na área. Um requerimento semelhante deve ser encaminhado ao Ministério Público Federal, além do TJ e do STJ.
Sem-terra – Em uma das fazendas, incluída entre os 142 mil hectares, havia trabalhadores rurais sem-terra, mas a Polícia Militar expulsou o grupo no ano passado, o que não ocorreu com os demais ocupantes da área. “Desde quando assumi o governo, em 2003, tomamos o cuidado para que nenhuma invasão ficasse sem fazer desobstrução e sem atender o pleito da justiça”, justificou Maggi, ao ser questionado sobre o fato.
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