ONU diz que 30% das espécies estão ameaçadas de extinção
Segundo o relatório, as populações pobres, incluindo as das sociedades mais prósperas, serão as mais vulneráveis às mudanças climáticas e mais de 1 bilhão de pessoas poderão sofrer com a falta de água em um futuro próximo.
A principal causa será o derretimento precoce da camada de gelo de grandes cadeias de montanhas, como o Himalaia e os Andes, causado pelo aumento da temperatura na Terra.
Elas funcionam como reservatórios, acumulando água em forma de gelo durante o inverno para liberá-la gradualmente com o derretimento no verão - um processo natural fadado a terminar, pois, segundo os cientistas, o derretimento já começou.
De acordo com eles, até o final do século, 75% do gelo dos Alpes poderão ter desaparecido. Com a aceleração também do derretimento do gelo polar, as regiões costeiras e baixas serão inundadas, obrigando comunidades inteiras a se deslocar.
Desastres ambientais
Segundo o relatório, desastres ambientais que poderão ocorrer caso não haja uma substancial redução dos gases causadores do efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nítrico (N2O).
Entre os desastres mais notáveis está o fim da floresta Amazônica e, em seu lugar, o surgimento de uma savana. Isso ocorreria devido a uma alteração nos regimes de chuva, que passariam a cair em menor volume e, com isso, devastariam entre 30% a 60% da floresta até o ano de 2080.
Biodiversidade
O relatório também prevê que, se a temperatura global subir mais de 1,5º C em relação aos índices de 1990, os ecossistemas regionais mudarão a ponto de levar à extinção de cerca de um terço das espécies de animais e plantas do planeta.
O rendimento dos cultivos agrícolas e da pecuária também será afetado, principalmente na América do Sul, África e Ásia. Isso aumentaria a fome e a ocorrência de doenças nas regiões mais pobres do mundo.
Por outro lado, um aumento limitado a 1º C na temperatura global beneficiaria a agricultura da Nova Zelândia, Rússia e América do Norte.
Segundo os cientistas, o aquecimento global já está mudando o cenário mundial e as sociedades deverão enfrentar grandes dificuldades para se adaptar aos impactos da mudança climática, afirma um relatório da ONU divulgado nesta sexta-feira em Bruxelas.
Tomar medidas para a adaptação das sociedades - como sistemas de proteção contra doenças, cheias ou secas, até então consideradas eficientes - já “não serão suficiente para fazer frente a todos os impactos esperados do aquecimento global”, alerta o documento.
Relatório
A segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) analisa as implicações do aumento de temperatura da Terra em diversas áreas, como economia, ecossistema e saúde humana.
O documento é resultado de uma semana de debates entre 400 especialistas sobre 28 mil dados científicos copilados sobre todo o planeta.
O documento está sendo lançado em quatro partes ao longo deste ano. Na primeira parte, divulgada em fevereiro em Paris, os cientistas projetaram um aumento de até 4º C na temperatura da Terra até o fim deste século e culparam o homem pelo aquecimento global.
Em maio, na Tailândia, o IPCC divulgará a terceira parte, que abordará as formas de impedir o aumento da concentração de gases nocivos ao ambiente.
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