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Meio Ambiente
Sábado - 07 de Abril de 2007 às 11:34

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A síntese é uma versão do documento elaborada para governantes e formadores de opinião.

Enquanto o texto integral do relatório, dedicado a especialistas, alerta para o “desaparecimento de 10% a 25% da floresta amazônica até 2080”, o resumo político passa por cima da questão.

“Aumento de temperaturas associados à redução do nível de água no solo devem ocasionar uma substituição gradual da floresta tropical por cerrado no leste da Amazônia”, diz a síntese, sem ser mais específica.

Críticas

“O problema na diferença entre esses textos é que são duas linguagens completamente diferentes”, avaliou, em entrevista à BBC Brasil, Karen Suassuna, da Organização Não-Governamental WWF, que participou dos debates como observadora.

“A síntese política é o que vai para a mesa dos chefes de Estado, que não lerão as mil e poucas páginas do texto técnico. E quando se alivia a linguagem, o senso de urgência tende a diminuir e as medidas tendem a se suavizar”, afirma.

Graciela Magrin, coordenadora do capítulo dedicado à América Latina do relatório, concorda. “Os governos se sentem mais cômodos se lêem que a floresta vai ser substituída gradualmente, em vez de ler que dentro de alguns anos ela vai desaparecer.”

Para Suassuna, “o nível de detalhes apresentado (no texto político) não nos permite pressionar o governo e exigir medidas mais drásticas”.

“Também poupa o Brasil de ficar na mira da opinião púbica mundial”, disse.

Pouco tempo

Oficialmente, a explicação para a escassez de dados em relação aos riscos enfrentados pela Amazônia na síntese foi a falta tempo para debater o tema.

“Tivemos que derrubar as questões regionais porque já não havia tempo hábil para seguir debatendo. Lamentamos que outros pontos importantes também ficaram fora da síntese política”, desculpou-se Martin Perry, co-presidente do grupo de trabalho responsável pela segunda parte do relatório.

Por outro lado, o próprio IPCC reconhece que a síntese política é resultado de negociações entre os governos mundiais.

“Os governos revisam os resultados. Então, os relatórios do IPCC refletem exatamente aquilo que todos os países, indistintamente, se sentem confortáveis para revelar”, explicou à BBC Brasil a brasileira Thelma Krug, membro do conselho do painel.

“Essa reunião é um jogo de interesses claro. Quem fica mais tempo e insiste mais é quem consegue o que quer”, disse Karen Suassuna, da WWF.





Fonte: BBC Brasil

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