ONU prevê secas e falta de água para mais de um bilhão
Elas funcionam como reservatórios, acumulando água em forma de gelo durante o inverno para liberá-la gradualmente com o derretimento no verão - um processo natural fadado a terminar, pois, segundo os cientistas, o derretimento já começou.
O relatório aponta que as montanhas Chacaltaya, na Bolívia, perderam quase toda a capa de gelo em 2004. Até o final do século, 75% do gelo dos Alpes também pode ter desaparecido.
Com a aceleração também do derretimento do gelo polar, as regiões costeiras e baixas serão inundadas, obrigando comunidades inteiras a se deslocarem.
Biodiversidade
O relatório também prevê que, se a temperatura global subir mais de 1,5º em relação aos índices de 1990, os ecossistemas regionais mudarão ao ponto de levar à extinção de cerca de um terço das espécies de animais e plantas do planeta.
O rendimento dos cultivos agrícolas e da pecuária também serão afetados, principalmente na África e Ásia.
“Atualmente há cerca de 900 milhões de pessoas passando fome no mundo e esse número deve aumentar por causa da mudança climática”, disse Martin Perry, co-presidente do grupo de trabalho responsávelpela segunda parte do relatório.
A malnutrição, por sua vez, contribuiria com o aumento da incidência de doenças nas regiões mais pobres do mundo.
“Reduzir a vulnerabilidade da população em relação a saúde e desnutrição é o mais importante que deve ser feito pelos países em desenvolvimento”, completou.
Segundo os cientistas, o cenário mundial já começou a sofrer modificações por culpa do aquecimento global e as sociedades deverão enfrentar grandes dificuldades para se adaptar a seus impactos.
Medidas para a adaptação das sociedades poderão “reduzir ou atrasar as implicações da mudança climática pelos próximos 10 ou 15 anos”, mas “não serão suficiente para fazer frente a todos os impactos esperados do aquecimento global a longo termo”, alerta o documento.
Relatório
De acordo com a ONU, as regiões que sofrerão mais consequências da mudança climática serão o Ártico, a África subsaariana, as pequenas ilhas, e os deltas asiáticos.
O Brasil e a América Latina não são consideradas regiões de alto risco.
A segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) analisa as implicações do aumento de temperatura da Terra em diversas áreas, como economia, ecossistema e saúde humana.
O documento é resultado de uma semana de debates entre 400 especialistas sobre 28 mil dados científicos copilados sobre todo o planeta.
O relatório está sendo lançado em quatro partes ao longo deste ano.
Na primeira parte, divulgada em fevereiro em Paris, os cientistas projetaram um aumento de até 4º C na temperatura da Terra até o fim deste século e culparam o homem pelo aquecimento global.
Em maio, na Tailândia, o IPCC divulgará a terceira parte, que abordará as formas de impedir o aumento da concentração de gases nocivos ao ambiente.
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