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Cultura
Terça - 03 de Abril de 2007 às 02:28
Por: Luiz Fernando Vieira

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No ano passado o famoso Mestre China se juntou ao Conservatório Dunga Rodrigues (CMDG) para celebrar o aniversário de Cuiabá com homenagens a Dunga Rodrigues, Zulmira Canavarros e Chico Penha. Este ano, ele repete a dose, mas os holofotes vão para dois não menos importantes nomes da música cuiabana: Mestre Albertino e Benjamin Ribeiro. Será na apresentação musical Viva Cuiabá, que acontece na quinta-feira (05), no anfiteatro do Cefet, com a participação de professores da escola de música e de muitos convidados especiais.

Para Mestre China, o evento tem sabor especial. O músico septuagenário conheceu ambos e sabe como poucos o que representam para a história musical de Cuiabá. O Viva Cuiabá servirá justamente para mostrar às gerações mais novas o talento desses compositores cujos trabalhos ainda são ouvidos na cidade. Benjamin, por exemplo, é responsável pelo Hino Popular de Cuiabá e pelos hinos dos principais clubes de futebol de Mato Grosso. Já Albertino mantém-se vivo em rasqueados, maxixes e choros gravados e interpretados pelo filho Bolinha.

A apresentação desta quinta-feira terá um programa muito bem elaborado por China. O saxofonista privilegiou alguns arranjos feitos pelos próprios e os coloca para o público junto com os alunos do CMDG e convidados como a Banda Sinfônica do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet-MT), Coral Mestre Albertino, Grupo Sossego, Júlio Coutinho e Bolinha. Eles interpretarão o samba "Cidade Verde", de Benjamin Ribeiro. O restante do programa trará composições de Mestre Albertino como o samba "Meu Pedaço"; as valsas "Janete Bárbara da Silva", "Enedina Fernandes da Silva", "Terezinha Cecília da Silva" e "Amor Eterno"; os rasqueados "Lambari da Cuia", "Oito de Abril"; o choro "Seis de Fevereiro" e o dobrado "Cerveja Cuiabana". Haverá ainda o rasqueado "Mestre", música de Edna Maciel Vilarinho.

Emocionado, Bolinha se mostra bastante agradecido pela homenagem ao pai, uma pessoa que ajudou a formar gerações de músicos em todo o Mato Grosso mas não chegou a ver um disco seu lançado. A correção veio pelas mãos de Bolinha, que gravou suas canções no primeiro disco, Sax Cuiabano. Lembra como se fosse hoje o dia em que mostrou o trabalho para o pai e recebeu o mais tocante agradecimento que alguém poderia receber. "Se chegasse a metade do que o meu pai foi já ficaria satisfeito", diz.

Para o irmão de Benjamin e colega de conjunto Carlos Avelino Ribeiro e a cunhada Marli Palma Ribeiro, trata-se de uma justa homenagem a Benjamin, um músico que deixou sua marca na cultura cuiabana e sempre a admirou, mesmo tendo vindo de outro Estado. Uma pessoa que, como os outros componentes do Turma do Morro, não via tanta importância em fazer da música um comércio, mas um instrumento para levar felicidade às pessoas, lembrou Carlos.

História - O músico fluminense Benjamim Ribeiro nascido em 21 de fevereiro de 1935 é neto do professor André Avelino Ribeiro e talento de nato de uma família musical. Os mais velhos certamente lembrarão da Turma do Morro - o nome é uma referência ao Morro da Luz, onde o grupo estava baseado -, que por três gerações presenteou Cuiabá com sua musicalidade.

Benjamin não fez parte da primeira geração, que contava com Jeti Ribeiro, Peri Ribeiro, Gilão Ribeiro. Entrou somente na segunda, ao lado de Carlos Ribeiro, Beni Ribeiro e Arnaldo Leite, e permaneceu na terceira e última, formada também por seus filhos André Avelino, Cervantes, Álvaro e Elcio).

Benjamin, cujo amor por Cuiabá era incondicional, chegou a viver fora da cidade por mais de 20 anos. Fez parceria com vários cantores famosos da época como Zé Rancho (avô da dupla Sandy e Junior) e também com as Irmãs Castro e Duo Brasil Moreno. Ao retornar, foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos do Pedroca, na época sob a direção do saudoso Edvaldo Camargo.

É o criador do Hino Popular de Cuiabá (Cidade Verde), hino do Clube Esportivo Dom Bosco e também fez composições para o Palmeiras do Porto, Mixto e Operário de Várzea Grande. Foi considerado o Rei do Folclore Cuiabano nos anos de 1955, 1956, 1957 e 1958, tirando o primeiro lugar nos concursos de Músicas da Capital. pelo "Hino dos 250 Anos de Cuiabá e com a marcha "Sai de cima" recebeu o Troféu Boróro e a Medalha da Comenda como o Compositor do Ano. Durante toda a sua carreira dedicou suas poesias e melodias a Cuiabá e Mato Grosso.

José Albertino da Silva (Mestre Albertino) nasceu em Cuiabá, em 07 de agosto de 1906. Foi militar, músico, maestro e compositor. Começou os estudos musicais com Padre Emílio e, em seguida, aos 14 anos de idade, ingressou na Força Pública do Estado de Mato Grosso como aprendiz de música para menores, tendo aulas com o maestro Francisco Ferreira Mendes. Começou tocando instrumento de ritmo (prato). Como era estudioso, passou para bombardino e mais tarde dedicou-se ao trombone de válvulas.

Reformado do Exército, prestou relevante contribuição em prol da cultura musical no Estado como maestro na Escola Industrial de Mato Grosso (posteriormente, Escola Técnica Federal de Mato Grosso e, atualmente Cefet-MT); organizou fanfarra com 120 elementos e Banda de Música. Lecionou, formou bandas e fanfarras no Colégio Salesiano. Em 1972, foi convidado pelo prefeito da cidade para formar banda pela Escola Técnica de Guiratinga, e conjunto orquestral com 80 figuras, entre moças e rapazes.

Em 1970, convidado por Augusto Gomes da Silva, presidente da Filial Centro Redentor, em Campinas (SP), foi reger o Hino Nacional com um coral de 300 componentes; no Ceará regeu um coral vindo de Pernambuco, também com muitos componentes. Foi contratado pela Escola Agrícola Federal Gustavo Dutra, localizada na Serra de São Vicente, para criar banda de música local.

Deixou várias composições escritas, alcançando uma ampla gama de gêneros musicais como rasqueado, maxixe, samba, choro, dobrado, e hinos. Sua última composição foi escrita a 20 de janeiro de 1988, "Valsa 30 de Janeiro". Faleceu em 11 de dezembro de 1995, com 89 anos de idade.

Serviço - O Viva Cuiabá será apresentado na quinta-feira (dia 05), às 20 horas, no anfiteatro do Cefet - rua Zulmira Canavarros, nº 95. A entrada é franca. Mais informações pelo telefone (065) 3621-1339.




Fonte: A Gazeta

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