Tudo ensaiadinho
Claro que política não se resume à eleição. A rigor, eleição é o ponto máximo da política, quando o processo entra em ebulição, as pessoas estão mais sensíveis aos reclamos de A, B, C e D, e as decisões de massa são tomadas.
Mas, nós o sabemos, política é um processo contínuo, quotidiano. E, às vezes, quanto aparenta muita quietude, as coisas acontecem aceleradamente.
Projeto político também é outra coisa. Parte da política – do princípio ou do conjunto de valores ideológicos que norteiam um indivíduo ou um grupo deles -, contempla eleições, mas visam essencialmente ao poder, ao exercício do poder.
E nesse quesito, a rigor, não se tem notícia substanciosa de que haja divergência entre Jaime e Blairo. Exceto por um detalhe: as pessoas que irão representar o projeto comum que ambos compartilham, de fazer o sucessor de Maggi e eleger as duas vagas de senador que irão se abrir.
Em princípio, o projeto seria o seguinte: Maggi ficaria com uma vaga de senador, Jaime iria para o Governo, Pagot assumiria os quatro anos restantes do mandato de Jaime no Senado, e a outra vaga para o Senador ficaria para outro aliado mais forte (José Riva, Welington Fagundes, Percival Muniz, Roberto França, Pedro Henry, por exemplo).
O problema é que a base de alianças de Blairo Maggi está se ampliando muito. A própria adesão ao PR demonstra que figuras que até bem pouco tempo mal freqüentavam institucionalmente o Palácio Paiaguás, agora já circulam com desenvoltura na copa e cozinha do governador. Já mijam de porta aberta, como se diz em português caboclo.
E talvez a mais significativa das novas alianças políticas do governador, que talvez esteja no pano de fundo da “crise” jaimista, seja, na verdade, a aproximação com o PT, tanto o do Planalto como o do Pantanal.
Porque o PT tem nome para entrar nessa lista de prováveis candidatos a senador, e, porque não dizer, de governador, em 2010, na mesma chapa que Blairo Maggi.
Talvez para Jaime o melhor para o cenário de 2010 seria mesmo uma crise com Blairo Maggi, que resultasse, lá na frente, numa polarização eleitoral entre ele e Pagot para o governo. Seria o jogo do ganha-ganha: se Jaime ganhar para o governo, Pagot fica com metade do seu mandato de Senado. E Pagot, caso vença, Jaime continua Senador.
Tudo ensaiadinho. Mas, como ocorre sempre nesses casos, só falta combinar com o eleitor.
KLEBER LIMA é jornalista pós-graduado em marketing e analista
político. E-mail: kleberlima@terra.com.br.
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