Igreja do distrito da Guia começa a ser restaurada
Pelo aspecto arquitetônico, os construtores basearam-se em modelos comuns das capelas missionárias paulistas da época setecentista. A igreja tem características simples e foi construída com material bastante rude, de taipa de pilão, com estrutura de madeira de lei, principalmente arueira lavrada. O seu interior é bastante rústico, com paredes caiadas de branco, o telhado comum de duas águas, coberto com telhas portuguesas, bastante singelas.
Segundo o arquiteto Ivan Moreira de Almeida, da empresa Mato Grosso Memória que está realizando a obra, serão mantidas as características originais. Na parte interna, a iluminação que será colocada fará uma referência ao período em que a igreja foi construída, para realçar ainda mais o caráter épico.
"A parte posterior da igreja estava ruindo, portanto faremos um reforço estrutural, retirando a parte podre da taipa e reconstruindo. A fachada original será recuperada. Também será feito um reboco interno e será feita a restauração das portas e janelas" explicou Ivan.
Ainda dentro da igreja, se encontra um altar mor com a antiga imagem de Nossa Senhora da Guia. No teto em cima do altar, destaca-se o que sobrou de um antigo painel de madeira com pinturas sacras em policromia. Nas laterais, estão os altares de São Benedito e Nossa Senhora do Pará, trazida do estado do Pará por um devoto.
Descrevendo a parte exterior da capela, incorporado a igreja, destaca-se a torre do Campanário, uma perfeita construção com entalhes em alto relevo, simbolizando crucifixos. Nesta torre estão três antigos sinos de bronze. A torre só foi construída em 1.912.
O padre Agenor da Rocha, proponente do projeto de restauração, tem acompanhado a obra, e disse que está tudo correndo com o combinado com a Secretaria de Estado de Cultura. "A comunidade está feliz, não só pelo valor histórico da igreja, mas principalmente pela presença de fé que ela representa para toda comunidade do distrito", ressaltou.
Padre Agenor explicou também que após a restauração da igreja, ela será utilizada para momentos de oração durante a semana, pois não se realiza mais missa no prédio, devido seu pequeno tamanho não comportar o número de moradores da região.
A SANTA - A história da Igreja Nossa Senhora da Guia está ligada a origem da imagem. Os moradores contam que um soldado, provavelmente desertor, chegou a região com a imagem da santa que traz consigo a Estrela Guia.
Após a morte deste soldado, chamado Iguatemy, moradores da região encontraram a imagem, praticamente enterrada, nas proximidades do largo do pequeno Vilarejo. Ela foi levada para uma das casas do povoado e colocada em um humilde oratório. Passados alguns dias, a mesma desapareceu do oratório, reaparecendo novamente no mesmo local onde fora encontrada pela primeira vez, próximo ao largo. O fato foi levado ao conhecimento de todos da Vila. Então um grupo de moradores resolveu edificar uma humildade capela de pau-a-pique, no mesmo local em que era o desejo da santa.
Na grande região cuiabana existem três igrejas com a mesma padroeira, ou seja, a Igreja de Nossa Senhora da Guia do Coxipó da Ponte, a de Várzea Grande e a do distrito da Guia. Buscando as datas de suas origens, chegou-se a conclusão que a igreja do distrito é a mais antiga.
Mas várias outras histórias sobre o aparecimento da imagem são contadas, entre elas, a de que devido às pressões sofridas em função aos altos impostos cobrados pelo ouro encontrados nas minas cuiabanas, vários, garimpeiros evacuaram a área seguindo em várias direções. Uma delas foi seguir o destino rio acima, onde encontraram na barra do rio Coxipó-Açú com o Cuiabá, o precioso metal, ali estabelecendo alguns garimpeiros que posteriormente formaram uma currutela.
Devido às várias influências sofridas pelos vários povos que vieram para o estado, acredita-se que alguém poderia ter trazido consigo a celebre imagem de Nossa Senhora da Guia, buscando proteção divina na direção dos novos caminhos desconhecidos.
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