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Politica Brasil
Segunda - 26 de Março de 2007 às 09:23

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Com o apoio do deputado cassado José Dirceu (SP) e dos deputados petistas que sobreviveram ao mensalão, Ricardo Berzoini (SP) deflagrou uma articulação para manter-se na presidência do PT pelo menos até 2008. Enfrenta a oposição de correntes minoritárias do partido, que desejam renovar a direção partidária ainda em 2007.

A autoridade de Berzoini passou a ser questionada no ano passado, depois que pessoas recrutadas por ele para trabalhar no comitê reeleitoral de Lula envolveram-se na tentativa frustrada de aquisição de um dossiê contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin. O deputado viu-se compelido a pedir licença do cargo.

No início de 2007, isentado pela Polícia Federal, Berzoini retornou ao comando do PT. Mas seu prestígio continuou em baixa. Diferentes correntes do petismo uniram-se na avaliação de que o deputado não reunia mais credenciais para presidir o partido. Parte-se do raciocínio de que, embora a PF não tenha logrado incriminá-lo, Berzoini deveria ser politicamente responsabilizado pelo dossiêgate.

Decidiu-se levar a voto uma proposta de encurtamento do mandato de Berzoini no 3º Congresso da legenda, marcado para o meio do ano. O deputado parecia ter concordado com a idéia de antecipar para setembro a realização de um novo PED (Processo de Eleições Diretas), para a renovação da direção partidária. Mas ele deu meia-volta. Agora, tenta segurar-se no cargo.

Berzoini amealha adesões no Campo Majoritário, corrente à qual pertence José Dirceu. O próprio Dirceu, em privado, diz que não faz sentido apeá-lo da presidência do PT. Defende a manutenção de Berzoini pelo menos até o início de 2008. Argumenta que a máquina do partido terá de ser mobilizada em abril do próximo ano, para escolher os seus candidatos às eleições municipais de 2008. E não faria sentido –nem logístico nem político—convocar a militância para eleger novos dirigentes seis meses antes.

Por trás do esforço pela manutenção de Berzoini escondem-se segundas intenções. A atual direção do PT vem postergando a análise, pela comissão de ética do partido, do comportamento dos petistas acusados de envolvimento no mensalão. Mantendo-o no cargo, aqueles que são contrários ao julgamento dos personagens do escândalo manobram para protelar ainda mais o julgamento.

Em diálogos reservados, José Dirceu chega mesmo a dizer que os mensaleiros não irão à comissão de ética. Advogando em causa própria, ele diz que o PT só poderia expulsar aqueles que fossem condenados judicialmente. Dirceu diz ser favorável a que o PT debata a crise que arrostou em 2005. Acha, porém, que a discussão deve limitar-se aos aspectos políticos. O essencial, avalia o ex-deputado, é corrigir as “falhas internas” que levaram o partido a injetar em sua contabilidade o dinheiro de má origem coletado pela dupla Delúbio Soares-Marcos Valério.

A prevalecer a tese de Dirceu, endossada por outros personagens do escândalo, o PT adotaria um sistema de julgamento torto. Sem que nenhuma condenação judicial lhe pesasse sobre os ombros, o ex-tesoureiro Delúbio foi sumariamente expulso em 2005. O ex-secretário-geral da legenda, Silvio Pereira, só não teve o mesmo destino porque antecipou-se à expulsão, desfiliando-se espontaneamente.

Com ou sem comissão de ética, o debate sobre as perversões morais que tisnaram a imagem do PT será um dos pontos altos do 3º Congresso. Marcado inicialmente para junho, o encontro já sofreu um primeiro adiamento, para agosto. Algo que ajuda Berzoini em seu esforço para segurar-se no cargo.

São 12 as teses apresentadas pelas correntes que coabitam o PT, para nortear as decisões que serão tomadas no 3º Congresso. Encontram-se disponíveis no sítio do partido. A maioria delas defende o inevitável: a expiação dos pecados que sorveram o prestígio político do PT.

Escrito por Josias de Souza às 04h11





Fonte: Mato Grosso On-line

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