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Politica Brasil
Sexta - 23 de Março de 2007 às 13:17
Por: Valdemir Roberto

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A fidelidade partidária é objeto em extinção na política de Mato Grosso. Especialmente entre os mais jovens. Poucos são os que conseguem passar mais de um ano filiado a uma sigla partidária – que, a rigor, se transformaram em meros agrupamentos políticos com a finalidade de cumprimento da legislação. Na prática, os partidos nunca funcionaram na essência. Ademais, os interesses pessoais sempre sobrepujaram aos princípios partidários. Políticos como Carlos Bezerra, que está no PMDB há anos, desde o extinto MDB, na verdade; e os irmãos Campos, Júlio, Jaime, além do próprio Jonas Pinheiro, sempre no PFL, que um dia foi PDS e antes Arena, são exemplos de fidelidade partidária – enraizados pelos princípios e também pelo próprio “caciquismo”.

A maioria dos políticos age por estilo próprio, ou seja, interesses de momento. Se hoje o Partido Republicano, ou Partido da República, é poder, evidentemente que todos correm para ele. Se amanhã o PDT pode se aliar a Wilson Santos para tentar a Prefeitura de Cuiabá, corre-se a ele. O que não está longe de acontecer, diga-se de passagem.

O deputado estadual Guilherme Maluf, agora secretário municipal de Saúde, é um exemplo claro que fidelidade é uma palavra descartada em seu dicionário. Quando saiu candidato a uma vaga na Câmara Municipal o fez pelo PFL. Encantado com o poder, após eleito, foi para o PSDB onde se elegeu deputado estadual. Agora, guindado a secretário vai dar outro pulo, chutando a fidelidade partidária: deve se filiar ao PDT. Maluf quer ser candidato a vice do prefeito Wilson Santos nas eleições de 2008. Nesse caso, nada mais a fazer a não ser buscar “espaço”.

Mas não é só ele que está correndo por este caminho. A deputada Chica Nunes, que conseguiu através do PSDB se eleger para seu primeiro mandato na Assembléia Legislativa – e onde vinha mantendo uma trajetória polítca - também esta rompendo com o partido. Usando sofisma, a política pediu a separação litigiosa dos tucanos. Só não fala qual é o seu novo amor. Diz apenas que está namorando, com vários. Quer sentir o gosto para depois decidir com quem vai se casar, num matrimônio que ninguém garante quanto tempo vai durar.

Por interesse pessoal, no entanto, ninguém bateu o ex-deputado Lino Rossi, que abandonou a vida pública sob a acusação de ser o mentor intelectual e principal organizador da “bancada dos sanguessugas” na Câmara dos Deputados. Antes de ser flagrado no escândalo, Rossi era conhecido por ser o recordista em “arrependimento”. Às 10h06 de um dia ele comunicou a saída do PP e o ingresso no PMDB. Às 15h47 do mesmo dia, tomou o caminho inverso. Voltou à convivência dos pepistas.

O parlamentar que muda de partido viola uma regra básica da representatividade política: desrespeita a distribuição das cadeiras no parlamento tal como foi definida pelos eleitores. Essa situação ocorre porque as cadeiras do parlamento são preenchidas levando em conta não só a votação que os parlamentares eleitos obtiveram, mas também os votos na legenda e os votos dos candidatos não-eleitos.

Os números sobre fidelidade partidária, em verdade, são duros: pelo menos um em cada quatro deputados federais eleitos no Brasil, entre 1986 e 2002, abandonou o partido responsável por sua eleição para a Câmara dos Deputados. Mais da metade (53%) dos deputados federais eleitos em 2002 possuíam registro de filiação a mais de um partido durante sua trajetória pública. Em recente estudo sobre o tema, concluiu-se: a fidelidade partidária, no Brasil, é dispensável em comparação com outros fatores da disputa política “que exigem muito mais lealdade”.





Fonte: 24HorasNews

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