Jovens políticos optam por interesses pessoais à fidelidade partidária
A maioria dos políticos age por estilo próprio, ou seja, interesses de momento. Se hoje o Partido Republicano, ou Partido da República, é poder, evidentemente que todos correm para ele. Se amanhã o PDT pode se aliar a Wilson Santos para tentar a Prefeitura de Cuiabá, corre-se a ele. O que não está longe de acontecer, diga-se de passagem.
O deputado estadual Guilherme Maluf, agora secretário municipal de Saúde, é um exemplo claro que fidelidade é uma palavra descartada em seu dicionário. Quando saiu candidato a uma vaga na Câmara Municipal o fez pelo PFL. Encantado com o poder, após eleito, foi para o PSDB onde se elegeu deputado estadual. Agora, guindado a secretário vai dar outro pulo, chutando a fidelidade partidária: deve se filiar ao PDT. Maluf quer ser candidato a vice do prefeito Wilson Santos nas eleições de 2008. Nesse caso, nada mais a fazer a não ser buscar “espaço”.
Mas não é só ele que está correndo por este caminho. A deputada Chica Nunes, que conseguiu através do PSDB se eleger para seu primeiro mandato na Assembléia Legislativa – e onde vinha mantendo uma trajetória polítca - também esta rompendo com o partido. Usando sofisma, a política pediu a separação litigiosa dos tucanos. Só não fala qual é o seu novo amor. Diz apenas que está namorando, com vários. Quer sentir o gosto para depois decidir com quem vai se casar, num matrimônio que ninguém garante quanto tempo vai durar.
Por interesse pessoal, no entanto, ninguém bateu o ex-deputado Lino Rossi, que abandonou a vida pública sob a acusação de ser o mentor intelectual e principal organizador da “bancada dos sanguessugas” na Câmara dos Deputados. Antes de ser flagrado no escândalo, Rossi era conhecido por ser o recordista em “arrependimento”. Às 10h06 de um dia ele comunicou a saída do PP e o ingresso no PMDB. Às 15h47 do mesmo dia, tomou o caminho inverso. Voltou à convivência dos pepistas.
O parlamentar que muda de partido viola uma regra básica da representatividade política: desrespeita a distribuição das cadeiras no parlamento tal como foi definida pelos eleitores. Essa situação ocorre porque as cadeiras do parlamento são preenchidas levando em conta não só a votação que os parlamentares eleitos obtiveram, mas também os votos na legenda e os votos dos candidatos não-eleitos.
Os números sobre fidelidade partidária, em verdade, são duros: pelo menos um em cada quatro deputados federais eleitos no Brasil, entre 1986 e 2002, abandonou o partido responsável por sua eleição para a Câmara dos Deputados. Mais da metade (53%) dos deputados federais eleitos em 2002 possuíam registro de filiação a mais de um partido durante sua trajetória pública. Em recente estudo sobre o tema, concluiu-se: a fidelidade partidária, no Brasil, é dispensável em comparação com outros fatores da disputa política “que exigem muito mais lealdade”.
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