Comissão discute crise no setor calçadista
O deputado lembra que os setores coureiro-calçadista e o moveleiro respondem por 10% dos empregos da indústria brasileira e por um faturamento anual superior a R$ 40 bilhões e precisa de alternativas para superar a crise, iniciada em 2004. Um dos resultados da crise está na perda de 3% dos empregos no País.
Em Mato Grosso, os reflexos podem ser sentidos já que a oferta de couro é muito grande, mas a industrialização do produto está concentrada em outras regiões do Brasil. Grande parte do couro também é exportado para outros países "in natura". Para o deputado, vencida a crise do setor, Mato Grosso pode se transformar em um grande mercado para a indústria coureira-calçadista. O mesmo pode ser dito em relação à indústria moveleira, já que o Estado é um dos maiores produtores de madeira do mundo.
Outro grande problema do setor, na avaliação do parlamentar, é a concorrência dos produtos chineses, que chegam ao mercado brasileiro a preços mais competitivos. Segundo ele, a alternativa seria a desvalorização do real em relação ao dólar. Como isso é difícil, a proposta é a redução do Imposto de Exportação e a limitação das importações da China. Moda
Milton Cardoso, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, disse que a indústria calçadista colocou o Brasil na rota mundial da moda. Segundo ele, é necessário discutir como fazer a indústria crescer. Segundo ele, quando o governo alterou o PIS/Cofins, o setor foi muito prejudicado porque sua alíquota aumentou 4%. Ele espera do governo uma solução para esse problema.
O coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva do Couro e Calçado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Wayner Machado da Silva, disse que, para resolver a crise do setor, é preciso estancar a entrada de produtos estrangeiros no País. Além disso, ele considera essencial a desoneração tributária do PIS, da Cofins e de encargos trabalhistas. Na análise do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Calçadistas de Teutônia (RS), Roberto Müller, que também participou do debate, o problema do setor não é pagar os empregados, que abriram mão de muitos benefícios para manter o emprego. O problema, segundo ele, são os encargos trabalhistas e outros tributos. Müller lembra que vem ocorrendo demissões em massa na indústria calçadista.
Governo pode taxar importações na área calçadista
O secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Antônio Sérgio Martins Melo, disse que todos os países convivem hoje com a concorrência chinesa nos setores têxtil, de móveis e calçados. Melo informou que a China produz dez vezes mais calçados do que o Brasil e lembrou que a mão-de-obra chinesa é 300% mais barata do que a brasileira. "A crise é grave, mas temos que ter clareza de como enfrentá-la", disse o secretário. Ele adiantou que o governo procura uma maneira de elevar as taxas pagas por alguns produtos importados dos setores coureiro-calçadista, moveleiro e têxtil.
Melo disse ainda que toda licença para importação de calçados é analisada com cuidado, o que reduz a possibilidade de fraudes. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, disse que o governo pretende aumentar a tarifa externa comum (TEC) do Mercosul para 35% em uma gama de produtos dos setores têxtil, mobiliário e de calçados. Segundo ele, esses setores estão preocupados com a perda de competitividade nas exportações e com o aumento das importações no setor. O ministro assegurou que existe uma boa possibilidade de esse aumento ocorrer nos próximos 90 dias. "A intenção do governo é submeter a proposta ao Mercado Comum até o final de abril", adiantou.
O ministro fez a declaração em seminário sobre o Programa de Aceleração do Desenvolvimento (PAC), promovido pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, no dia 14 de março.
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