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Quarta - 11 de Dezembro de 2013 às 17:04
Por: DÉBORA SIQUEIRA

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Produtores rurais de Mato Grosso se juntam a outros agricultores do país para acampar em frente ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (11) para pressionar deputados federais e senadores para tirar da Fundação Nacional do Índio (Funai) a prerrogativa de demarcar ou ampliar terras indígenas no país.


 
A intenção é de que se evite casos como a desintrusão de Suiá Missu, em Alto Boa Vista, quando cerca de 7 mil pessoas foram retirados da terra indígena Marãiwatsédé. A operação foi iniciada em 10 de dezembro de 2012 e concluída no final de janeiro deste ano.


 
“Morreu muita gente, não no dia, mas após a desintrusão, foram 25 mortes. Conversei com um médico de Alto Boa Vista que me disse de pacientes que morreram em decorrência de doenças e também houve casos de suicídio. Tem casos de pessoas que perderam tudo o que tinham, foi um trauma muito grande”, comentou o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado. "Morreu muita gente, não no dia, mas após a desintrusão, foram 25 mortes. Conversei com um médico de Alto Boa Vista que me disse de pacientes que morreram em decorrência de doenças e também houve casos desuicídio"


 
Ele classificou a desocupação da terra indígena como uma das maiores injustiças e arbitrariedades cometidas pela Justiça. Ontem a Famato encaminhou um cartaz lembrando que os produtores estão há um ano de luto pelo que aconteceu.


 
“Mas é luto mesmo, não é exagero. O processo jurídico sequer foi concluído e as pessoas foram retiradas de suas casas. O estudo realizado pela Funai tem indícios de que foram realizadas em área deslocadas”, questionou.


 
Em Mato Grosso há outras 25 áreas que a Funai deve demarcar e uma luta dos povos indígenas. Preocupados com a possibilidade de perder terras, os produtores começaram a se movimentar e cobram segurança jurídica criando leis mais claras em relação a demarcação das terras indígenas.


 
Eles comparam o caso como o do Código Florestal. “Tem produtor com matrícula de uma área e de repente criam uma reserva indígena dentro da área? Nós queremos que o Congresso decida que a Funai sozinha não pode dizer se a terra é ou não indígena. Queremos a participação do Congresso, da Embrapa, governos dos estados e todo um aparato técnico, enquanto isso os produtores ficam pensando que vão perder terras e os índios que vão ganhar. É ruim para todos os lados”.


 
Marãitawatsédé


 
Após um ano da desintrusão, os índios xavantes ainda estão tomando conhecimento da dimensão e de cada canto da área deles. Os índios mais velhos conhecem a terra, mas os jovens estão aprendendo mais sobre o seu território de 165 mil hectares.


 
O coordenador da Funai em Ribeirão Cascalheira, Alan Dilessandro Oliveira de Souza, explicou que a geração mais nova faz essa verificação do que ainda esta preservado e o que dá para extrair para subsistência.


 
“A área foi degradada, muito corte raso para exploração comercial da pecuária. Eles ainda precisam de atenção de segurança alimentar. A terra não é mais como antigamente para pesca e caça. Tem que esperar a vegetação se recompor e o retorno de animais para a área”.


 
A Funai tem feito a fiscalização da área junto com forças federais e providenciado acesso a benefícios previdenciários e assistenciais do governo federal aos índios, apoio as atividades produtivas sustentáveis para que possam extrair o máximo da subsistência da terra.


 
Ele faz uma avaliação positiva de um ano da desinstrusão. “Conseguimos fazer a devolução do território aos xavantes sem violências e enfrentamentos. Foi uma operação cautelosa levando em consideração os indígenas e não indígenas. Ninguém saiu ferido e machucado”.


 
Alan conta que os 900 índios que moram na aldeia Marãiwatsédé estão contentes por terem conquistado a terra.





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