Terapia genética poderá ser usada em fetos, diz estudo
Estes genes terapêuticos podem ser transferidos para o paciente junto com um vírus inócuo ou um vetor semelhante, que é injetado no corpo. O trabalho é polêmico não apenas devido a preocupações éticas, mas também devido aos temores relativos à segurança. Há alguns anos, a França e os Estados Unidos suspenderam a terapia genética depois que uma criança, que tinha passado por este tratamento aos três anos, desenvolveu câncer.
Hemofilia
Usando a terapia genética, cientistas já trataram com sucesso pacientes com hemofilia e crianças portadoras de uma doença rara que impede que desenvolvam seu sistema imunológico. Mas a terapia genética em crianças e adultos apresentou problemas, pois o corpo que recebe a terapia pode desenvolver uma resposta imunológica e fabricar anticorpos que fazem com que o tratamento não funcione.
Também há o risco de o tratamento desencadear outras doenças, como câncer. A esperança é que, no estágio fetal, o sistema imunológico ainda não tenha se desenvolvido de forma suficiente para bloquear o efeito dos genes implantados.
Cientistas também acreditam que o tratamento pode ser mais forte em bebês que ainda estão se desenvolvendo e cujas células estão se multiplicando rapidamente. Além de oferecer uma chance de cura antes que a doença tenha chance de causar danos à criança ainda não nascida. Riscos e benefícios
"Existem várias vantagens. Por exemplo, na fibrose cística, o dano no pulmão ocorre antes do nascimento. Então, se é possível fazer a terapia genética antes, será possível parar a doença. No tratamento de adultos, geralmente é tarde demais para reverter os danos", disse Simon Waddington, do University College.
O pesquisador afirmou que não está modificando uma pessoa em termos genéticos. "Não vamos modificar os filhos daquela criança, apenas tratar o paciente". Waddington e sua equipe no Imperial College já implantaram genes corretivos em fetos de ratos doentes, com sucesso. Agora a equipe recebeu verbas para testar a terapia genética na cura de hemofilia em fetos de primatas.
Waddington afirmou que ainda serão necessários cinco anos de testes com animais antes que se possa pensar em aplicar a técnica em humanos. "As tecnologias estão aí para que injetemos genes em bebês se acharmos que é eficaz e seguro", acrescentou. Mas, um porta-voz do Departamento de Saúde britânico já se pronunciou sobre a questão.
"Nenhum teste clínico de terapia genética em humanos antes do parto ocorreu na Grã-Bretanha e isto não é considerado seguro ou possível nos próximos anos."
Comentários