Lula diz que PMDB não pode errar mais
Apesar de ser o preferido da cúpula e da bancada ruralista, Moka enfrenta resistências de uma ala do partido. No início da CPI dos Sanguessugas, seu nome apareceu em uma das planilhas da família Vedoin, que chefiava o esquema da máfia das ambulâncias. O envolvimento não foi comprovado, mas parte do PMDB teme que o fato seja explorado pela mídia e o partido passe por novo desgaste. Para essa ala, o ideal seria a nomeação do deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR), ex-ministro da Previdência no governo de Fernando Henrique Cardoso.
No Planalto porém, há mais restrições a Stephanes do que a Moka. Motivo: a ligação dele com Fernando Henrique. Moka integra uma lista com cinco nomes, entregue a Lula na semana passada pelo presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Além dele e de Balbinotti, constavam da relação os deputados Tadeu Filippelli (DF), Eunício Oliveira (CE) e Fernando Diniz (MG). Reinhold Stephanes e seu colega Valdir Colatto (SC) sempre correram por fora.
"Nós teremos o cuidado de conversar com o presidente Lula sobre todos os nomes da lista, para que ele tenha ampla possibilidade de escolha", disse Temer. "Não há nada definido e o presidente fará consultas", completou, negando a preferência por Moka.
De qualquer forma, tanto Temer como o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), garantem que a situação de Moka é totalmente diferente da de Balbinotti. O ministro que foi sem nunca ter sido renunciou à indicação depois de ser descoberto um inquérito contra ele, no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo falsificação de documentos para a rolagem de uma dívida bancária.
A cúpula do PMDB alega que "não há nada" comprovado contra Moka. Se ele não emplacar na Agricultura, porém,Temer e Alves estariam dispostos a apoiar Filippelli. Moka admitiu sua intenção de ser ministro da Agricultura. No sábado, Temer lhe telefonou para preveni-lo da desistência de Balbinotti. "Ele disse que minha indicação estava mantida e que eu tinha a preferência da bancada", contou. O deputado reconheceu, no entanto, que enfrenta a oposição ferrenha do PT de Mato Grosso do Sul.
O ex-governador Zeca do PT, por exemplo, passou o fim de semana no Palácio da Alvorada conversando com Lula. Pediu a ele que não nomeasse Moka, que, por coincidência, é seu primo. "Se eu puder ser o ministro com o apoio do PMDB, vou dar o melhor de mim. Se houver resistência ao meu nome, que seja um outro companheiro com o apoio do partido, e com o meu também", disse Moka.
Presidente regional do PMDB de Mato Grosso do Sul, o deputado foi adversário de Zeca do PT, que governou o Estado entre 1999 e 2006. Nas eleições do ano passado, PT e PMDB se enfrentaram na disputa, quando o atual governador, André Puccinelli (PMDB), derrotou o senador Delcídio Amaral (PT) no primeiro turno. Além disso, Moka apoiou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição presidencial, em 2006.
"Se eu tiver a escolha do presidente Lula, não vou me omitir e é importante que se trate isso (oposição ao PT) com muita transparência e dignidade", afirmou. "Nós temos um projeto político e era natural a oposição aqui no Estado. Agora, se é verdadeiro que o governo quer o partido como um todo, talvez seja o momento de refletirmos sobre isso."
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