Lula diz que não desistirá de TV pública
As principais críticas foram possibilidade de uso político da rede por Lula e o PT, custo elevado e falta de necessidade, pois já existem canais desse tipo no país.
A decisão de levar a cabo o projeto de TV pública foi tomada na conversa em que Lula convidou Franklin Martins, jornalista respeitado e com experiência em mídia impressa e televisiva, para assumir a área de imprensa e comunicação do governo. O formato final das atribuições de Martins ainda está em discussão, mas o Palácio do Planalto dá como certa sua indicação. Falta apenas uma conversa final entre Lula e o jornalista.
É boa a idéia de uma TV pública. Obviamente, não pode ser instrumentalizada por políticos, como já acontece em alguns Estados. O projeto financeiro deve ser feito com transparência. A sociedade deve está disposta a financiá-lo.
E, como diz Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás e voz lúcida no governo sobre o papel da imprensa em relação ao governo, o problema do sistema atual é de "gestão e de marco regulatório".
Ou seja, a gestão de uma TV desse tipo não pode ficar nas mãos de um grupo político ou de entidades "laranjas". É fundamental definir um modelo de gestão independente, que preste contas à sociedade, e normas legais que dificultem manipulação política.
Por que não pode ser implementado no Brasil um modelo de êxito como o da BBC, rede pública britânica? Na guerra do Iraque, foi uma revelação da BBC que gerou grande crise no governo Tony Blair.
Por que necessariamente tem de ser um cabide de empregos e um instrumento político? A democracia brasileira tem maturidade e mecanismos suficientes para evitar esses abusos.
Como diz Bucci, "nenhuma democracia prescinde da comunicação pública, porque ela supre áreas que a comunicação social não pode atender".
A criação de uma TV pública nacional de verdade rende um bom debate, que, se travado em interesse da sociedade, resultará em algo positivo. Se o projeto for uma tentativa voluntarista de criar um instrumento político em "resposta à mídia burguesa", será um desastre.
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