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Politica Brasil
Sábado - 17 de Março de 2007 às 11:28

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Senadores que deram respaldo anteontem para o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) sustentar, em um discurso de três horas e meia, que o processo de impeachment contra ele foi "uma grande farsa" faziam malabarismos ontem para justificar sua posição. Outros tentavam explicar o silêncio diante do pronunciamento em plenário do senador.

Ao mesmo tempo em que diz que não estava ali se penitenciando, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) insistiu no mea culpa. "Eu fui um dos que o julgou no plenário, mas não estou seguro do resultado da CPI do PC porque não participei das investigações", afirmou Garibaldi.

Collor, que chegou a chorar, questionou na tribuna do Senado a legalidade da cassação de seu mandato em 1992.

Dos dezesseis senadores que fizeram apartes ao discurso do ex-presidente, apenas o petista Aloizio Mercadante (SP) fez contestações.

O senador Tião Viana (PT-AC) foi um dos que estava presente e ouviu o discurso calado.

"Eu ia apartear mas tinha que viajar. Estava em um impasse", disse ele. Mesmo assim, o petista ontem defendeu o senador do PTB. "Acho que os argumentos jurídicos usados por ele foram muito relevantes. Na hora que extrapolamos o julgamento moral e político para atropelar uma condução jurídica podemos incorrer em atentados graves à democracia", afirmou Tião.

O ex-presidente focou seu discurso em supostos "abusos" cometidos pela CPI que investigou o esquema PC Farias e em "atropelos" na tramitação do processo de impeachment.

Tião ressaltou, no entanto, que considerou "frágil" a argumentação política de Collor.

"Ele não explicou a intimidade que tinha com PC Farias [tesoureiro da sua campanha à Presidência, em 1989], denúncias como a do Fiat Elba e a reforma da Casa da Dinda", disse o petista. A compra do veículo com dinheiro do esquema PC Farias foi determinante para a abertura do processo de impeachment contra Collor.

O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), dividiu o pronunciamento do ex-presidente em dois momentos. "Quando eu fiz o aparte achei que ele tinha acabado. Até ali ele tinha ido muito bem, foi comedido e equilibrado. Mas depois o tom foi muito diferente, ele começou a fingir que se emocionava e voltou a ser o velho Collor", afirmou o tucano.

"Eu não me arrependo da posição que tive na época, mas seria indelicado dizer que ele era culpado. É como um criminoso que já pagou a sua pena", acrescentou Tasso.

A Folha deixou recado ontem para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), que também não quis entrar no mérito das denúncias. Até o fechamento desta edição, entretanto, ele não havia retornado.





Fonte: Folha de S.Paulo

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