Sem-terra viram suspeitos de saquear dinheiro de avião

Basta um carro se aproximar para integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) acampados desde domingo numa fazenda em Maracangalha, no município de São Sebastião do Passé (BA), a 56 quilômetros de Salvador, entrarem em pânico. “Estamos com medo”, diz o coordenador da invasão, Aquiles Jesus Siquara, de 30 anos.

Segundo ele, desde que o bimotor da Bahia Táxi Aéreo caiu na Fazenda Parque Nossa Senhora das Candeias, a 500 metros da área invadida pelo MST, anteontem, policiais “chegam batendo, revirando os barracos e levando gente presa”. “Acham que a gente pegou o dinheiro que estava no avião.”

O bimotor modelo Aero Comander, de prefixo PP-SEC, foi contratado pela Nordeste Segurança para levar R$ 5,6 milhões de Petrolina (PE), na divisa com a Bahia, a Salvador. Na queda, morreram o piloto, José Leão Bezerra de Araújo, o co-piloto, Romildo Moraes dos Santos, e os seguranças Arnaldo Dantas Ferreira e Genésio Barbosa Lima, da Nordeste. Eles foram enterrados na tarde de ontem.

A polícia chegou ao local do acidente meia hora depois da queda. Encontrou cerca de cem pessoas recolhendo dinheiro. À noite, os próprios saqueadores começaram a ser assaltados. Com medo, J. foi à delegacia para devolver os R$ 51 mil que tinha recolhido. Até o fim da tarde de ontem, foram recuperados R$ 286.670.