Lula dá bronca no PT e diz que partido 'comeu mosca'
Em duas horas de conversa, Lula deu sinais de que chamará a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy para a equipe. “Se ela quiser, será ministra”, admitiu o presidente, de acordo com relatos. Todos entenderam que Marta será convidada para ocupar o Ministério do Turismo no lugar de Walfrido Mares Guia, que irá para Relações Institucionais.
O PT apresentou a Lula uma lista com várias indicações - de Marta ao deputado Walter Pinheiro (BA) - para que ele escolhesse. Mas o presidente repassou a bola. “Parem de brigar e resolvam entre vocês!”, disse. Pediu que o partido lhe encaminhe até amanhã sugestões para os ministérios do Turismo, Desenvolvimento Agrário e Previdência.
Lula não escondeu a contrariedade com o PDT, que tem 24 deputados e votou maciçamente a favor da instalação da CPI do Apagão Aéreo. Até esse episódio, o presidente do PDT, Carlos Luppi, estava cotado para ser ministro da Previdência. Agora, é possível que a pasta continue com o PT.
Ao escancarar seu descontentamento com o PDT, Lula também criticou os petistas. “Vocês comeram mosca”, esbravejou, ao lembrar que o PT foi obrigado a barrar a CPI no plenário por ter deixado a iniciativa prosperar.
'Despetização'
Ao lado dos ministros Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Tarso Genro - que será remanejado de Relações Institucionais para o Ministério da Justiça, na quinta-feira -, Lula garantiu que não haverá uma 'despetização' da Esplanada. Disse aos dirigentes do PT que, dependendo do resultado das conversas, a reforma ministerial será feita em duas etapas: a primeira começou ontem, com a indicação de José Antonio Toffoli para a Advocacia-Geral da União, e continuará nesta semana, com a transferência de Tarso. A segunda leva, que inclui as secretarias especiais, somente será anunciada depois que houver acordo com todos os partidos. Na quinta-feira, ele vai se reunir com o conselho político da coalizão, no Planalto.
“O PT deixou o presidente à vontade para ele fazer a reforma que quiser, com ou sem Marta Suplicy”, afirmou o deputado Luiz Sérgio (RJ), líder do partido na Câmara. “Se ele achar conveniente perdermos espaço, vamos compreender e apoiar incondicionalmente.”
Antes do encontro com Lula, a Executiva Nacional do PT se reuniu para bater o martelo sobre as cadeiras que as correntes iriam reivindicar. Além de Marta, que a ala paulista do PT desejava ver em Cidades ou Educação, os petistas sugeriram Walter Pinheiro (BA) ou o ex-ministro Miguel Rossetto - da facção Democracia Socialista - para o Ministério do Desenvolvimento Agrário.
A corrente Movimento PT - que no fim de semana protestou contra a “gula” do Campo Majoritário por cargos - propôs o deputado Geraldo Magela (DF) para Relações Institucionais. Para Direitos Humanos, foram indicados os ex-deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Renato Simões e a deputada Iriny Lopes (ES).
Por pouco a reunião da Executiva não termina em bate-boca. O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), e o deputado Jilmar Tatto, um dos vice-presidentes, reclamaram com o secretário de Organização, Romênio Pereira - do Movimento PT - por causa de declarações contrárias à indicação de Marta. “Nós achamos um equívoco político o governo ser construído apenas com o Campo Majoritário”, reforçou Romênio. “Se no PMDB todas as correntes são contempladas, por que isso não acontece também no PT?”
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