Lula e Bush defendem aumento na produção de álcool
O presidente Lula da Silva levantou a possibilidade de incentivar os países em geral a trocar suas principais fontes de produção de energia. Dirigindo-se a George W. Bush, sugeriu uma atuação conjunta com esse fim. “A sua visita ao Brasil pode significar definitivamente uma aliança estratégica que permita um convencimento do mundo mudar sua matriz energética”, disse.
O presidente citou a criação do Fórum Internacional de Biocombustíveis, lançado na última sexta-feira (2) por Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e União Européia na Organização das Nações Unidas (ONU). “Somente assim teremos a escala de produção necessária para potencializar os benefícios do etanol e o biodiesel”, comentou.
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que planeja aumentar em mais de seis vezes o consumo de etanol (álcool combustível) de seu país até 2017, passando dos atuais 20 bilhões de litros anuais para 132 bilhões. Ao lado de Lula, Bush fez um discurso que enfatizou as vantagens do etanol, a necessidade de proteger o meio ambiente e as vias de cooperação com o Brasil.
Uma das possibilidades mencionadas foi na área de pesquisa. Bush elogiou os acadêmicos dos dois países e afirmou que eles podem trabalhar conjuntamente no desenvolvimento de tecnologia de biocombustível. Contou também que pediu ao Congresso a aplicação de US$ 1,6 bilhão a mais nos próximos dez anos em pesquisas na área. O presidente mencionou também a relação com países pobres, citando especificamente a América Central. “Quero colaborar com o Lula para fazer com que a América Central aumente sua independência do petróleo e se torne auto-suficiente em energia”.
A idéia recebe apoio e crítica. Nos bastidores, a parceria anda a todo o vapor desde o fim do ano passado. Segundo o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, uma comissão de âmbito continental criada em dezembro, a Comissão Interamericana de Etanol já encomendou um diagnóstico geral sobre a América Latina, para saber onde e como será possível plantar cana-de-açúcar ou aproveitar a produção já existente para fabricar etanol.
Com uma análise diferente, está o engenheiro José Bautista Vidal, um dos criadores do programa público que desenvolveu o uso do álcool combustível no Brasil, nos anos 70, o Proálcool, que acredita que as negociações do país com os Estados Unidos em torno do produto podem ter conseqüências "péssimas" para os brasileiros. “Em vez de o Brasil tomar a iniciativa e criar instrumentos, empresas, criar a Companhia Brasileira de Bioenergia, os norte-americanos aproveitam e estão criando uma estrutura de poder a partir do álcool brasileiro”, disse hoje (9) em entrevista à TV NBr. Movimentos sociais também criticam os prejuízos de incentivar a monocultura da cana-de-açúcar.
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